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DANUZA LEÃO
Um Natal mais simples
Natal, inflação, calor,
compras; o quadro não pode
ser mais ameaçador. Mas como o
Brasil vai mudar, podemos aproveitar e mudar junto, começando
pela inevitável lista de presentes.
Com ou sem dinheiro, o pesadelo é igual, e as pessoas acabam
caindo numa coisinha bem inútil,
tipo uma vela bem cheirosa para
acender na sala. Evite: em primeiro lugar, a temperatura está em
volta dos 40C; em segundo, as
crianças podem derrubar e causar um incêndio; em terceiro, o
aroma pode não ser o seu preferido; em quarto, não tem nada pior
do que uma vela perfumada.
Como no Natal só se dá lembrancinhas -mais ou menos caras, mas sempre lembrancinhas- e o calor não costuma ser
a favor da criatividade, que tal
partir para coisas mais condizentes com os novos tempos, isto é,
mais baratas, mais úteis e mais
práticas, lembrando sempre dos
presentes que recebeu nos outros
anos e que mandou diretamente
para os porteiros? Quais os presentes que te deram realmente
prazer? Pouquíssimos. Então, vamos mudar isso rapidinho.
Dependendo do tamanho da
sua conta no banco: uma bebida é
sempre útil, de uma garrafa de
cachaça para fazer caipirinha a
uma caixa de champagne Dom
Perignon (que você pode pedir
por telefone, pode ser melhor?).
Cesta de Natal, nem pense; elas
começam bem, mas o nível vai
baixando e termina sempre num
vidro de geléia e num de azeitona;
aí, só chorando. Cesta de Natal só
aquela mais cara de todas, e como essa você não vai mandar
mesmo (nem receber, a não ser
que seja empresário ou ministro
-do novo governo, bem entendido), esqueça.
Outra sugestão: um vidro de
shampoo, um sabonete ou uma
pasta de dentes.
Está achando pobre? É só incrementar. Vá a uma importadora e
compre 12 shampoos da mais cara das marcas, 24 tubos de dentifrício e 48 sabonetes ingleses. Sinceramente: não é muito melhor
do que ganhar uma agenda ou
uma carteira com a qual você
nunca vai se ajeitar? Agendas e
carteiras são coisas pessoais, e cada um sabe se gosta de ter junto o
dinheiro, o talão de cheques e o
cartão de crédito ou não; aliás,
quase tudo é pessoal e se você,
quando vai comprar para você
mesma, fica na dúvida entre uma
bolsa maior ou menor, como outra pessoa vai conseguir acertar?
Aliás, uma sugestão para quem
quiser presentear nossa primeira
dama eleita: uma bolsa nova. Ela
está sempre com a mesma, e se
não gostar poderá sempre passar
adiante.
Tudo depende, claro, se sua intenção é dar uma coisa que realmente faça prazer a quem recebe
ou se tanto faz. A idéia, aliás, seria essa, mas ninguém está nem
aí. Mas se você está, mais uma sugestão: produtos para a cozinha.
Existem azeites importados sofisticadíssimos, com aroma de
trufas e de especiarias que a gente
nem imagina; se você achar que é
pouco, faça um kit com um de cada. Vá por mim: será um sucesso,
e a cada vez que a garrafa chegar
à mesa, a pessoa vai se lembrar de
você. Muito melhor do que uma
echarpe de seda pura de oncinha,
não?
Esse campo é vasto, e uma bela
caixa com três quilos de bacalhau
daquele maravilhoso será muito
bem recebida em qualquer casa,
sobretudo se chegar até o dia 22.
Muito melhor do que uma água
de colônia, que vai acabar sendo
passada adiante, se não for aquela que você adora.
E se você estiver mesmo muito
sem grana e tiver coragem para
ser muito, mas muito original,
compre uma cestinha daquelas
que não custam na-da, vá à feira
e volte carregada. Quem não gostaria de receber, em qualquer
época do ano, uma cesta com algumas mangas, umas frutas do
conde, dois abacaxis (que estão
um mel, de tão doces) e uns cajus
maduros?
Qualquer pessoa, de qualquer
classe social, ficaria feliz com um
presente desses -que, aliás, custaria uma fortuna se comprado
em Paris.
É hora de descobrir o glamour
nas coisas mais simples, o que
aliás não é assim tão fácil.
Mas vale a pena.
E-mail - danuza.leao@uol.com.br
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