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ENTREVISTA
DOENÇA PERIODONTAL
Estudo em SP mostra risco de parto prematuro
DA REPORTAGEM LOCAL
Mulheres portadoras de doença
periodontal apresentaram um
risco 2,18 maior de terem parto
prematuro e bebês com baixo peso do que aquelas que não tinham
a doença. Os resultados são de um
estudo realizado em São Paulo,
pela cirurgiã-dentista Maria
Christina Brunetti, da Faculdade
de Saúde Pública da USP.
Trabalhos publicados nos EUA
mostraram que mães com problemas periodontais tinham risco
7,5 vezes maior de nascimentos
prematuros e de baixo peso. O resultado mostra que o problema
não é só de países em desenvolvimento como o Brasil.
Folha - Como foi feita a pesquisa?
Maria Christina Brunetti - A pesquisa foi desenvolvida em hospitais do município de São Paulo,
durante períodos habituais de internação hospitalar pós-parto (de
48 horas a 72 horas), entre agosto
de 2000 e setembro de 2001. As
unidades hospitalares são referência para gestação de elevado
risco. A população de estudo foi
constituída por 174 mulheres escolhidas aleatoriamente, pertencentes a estratos sociais semelhantes, assistidas pelo SUS, sendo 103 com ocorrência do parto
no tempo correto e peso do bebê
normal e 71 com parto prematuro
[antes da 37ª semana completa de
gestação" e baixo peso [inferior a
2,5 kg". A média de idade das participantes era de 24,3 anos.
Folha - Qual é a importância do
estudo?
Christina - A prematuridade
contribui com 50% a 70% da
mortalidade neonatal. Associada
ao baixo peso ao nascer, constitui
problema de especial interesse
para a saúde pública. Nos países
desenvolvidos, o parto prematuro
ocorre em cerca de 8% a 10% das
gestações. Na América Latina, há
relatos de índices mais elevados,
situados entre 10 e 43%. No Brasil,
dados divulgados pela Fundação
Sistema Estadual de Análise de
Dados revelaram que no Estado
de São Paulo a prevalência atingiu
cerca de 11% do total de nascidos
vivos em 1993. Em levantamento
feito na Universidade Federal de
São Paulo (Escola Paulista de Medicina), verificou-se uma prevalência de partos prematuros em
torno de 20% a 22% em 1995.
Embora ocorra melhor entendimento dos fatores envolvidos no
processo de parturição, não tem
sido observado um declínio na
prevalência da prematuridade
nos últimos 50 anos. As causas
são complexas, como desnutrição, pré-natal inadequado, idade
precoce ou avançada, e uma grande parcela das ocorrências ainda
permanece sem causa definida.
Folha - Como a doença periodontal pode levar a um nascimento
prematuro?
Christina - Entre os fatores de
risco associados à ocorrência de
episódios indesejáveis durante a
gestação, estão as infecções maternas. A ocorrência delas, através
de microrganismos ou de suas toxinas, pode provocar resposta inflamatória exacerbada associada
à liberação de substâncias químicas naturalmente envolvidas no
desencadeamento do parto.
(FL)
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