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AFFONSO FELIPPE GREGORY (1930-2008)
Um olho na cuia e o outro no rebanho
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo após três décadas
vivendo a "realidade gritante
de pobreza e miséria do Maranhão", na definição de um
padre amigo, dom Affonso
Gregory mantinha a serenidade e o sotaque de gaúcho
de Estrela (RS). "Churrasco e
chimarrão são costumes que
não abandonou", diz -nem o
de meter-se entre os latifundiários em defesa dos pobres.
Não foram poucas as brigas que arrumou em Imperatriz (MA), cidade que o acolheu como bispo (e depois
bispo emérito). A cada homilia que fazia, cutucava mais
os donos de terra que não toleravam posseiros. "Era muito atento ao seu rebanho."
Afinal, esteve na conferência do episcopado latino-americano em Puebla de los
Angeles, no México, onde a
igreja reafirmou sua "opção
preferencial pelos pobres"
-ele que defendia as comunidades de base, que mesmo
formado em teologia em Roma e em Sociologia na Bélgica, "com toda bagagem teológica", preferia discutir a partilha do latifúndio.
Desde que deixou o Rio
Grande do Sul, dom Gregory
foi bispo auxiliar do Rio, presidente da organização Cáritas do Brasil, dentre outras
funções na CNBB. Até chegar em Imperatriz e "adotar
como sua terra o Maranhão".
E lá quis ser enterrado, logo se soube, ao ler o testamento que deixara. Morreu
de leucemia, quarta, aos 78.
Seu corpo foi velado na terra
natal e trazido de volta ao
Maranhão, onde foi sepultado, sob o lema escolhido: "A
verdade vos libertará".
obituario@folhasp.com.br
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