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Comandante-geral da PM critica proposta de dar mais poder e recursos às guardas; já secretário de SP apóia medida
Para coronel, verba deve ir para a prevenção
DA REPORTAGEM LOCAL
O coronel Alberto Silveira Rodrigues, comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, não esconde. "Sou contra as guardas
municipais ganharem poder de
polícia", diz. E justifica: "Não precisamos de mais polícia. Onde vamos colocar mais presos? Precisamos é de prevenção primária."
Na avaliação dele, o dinheiro
que o governo federal quer repassar para as prefeituras equiparem
as guardas deveria ser gasto em
urbanização, saneamento e equipamentos de lazer e cultura.
"Além disso, transformar guardas municipais em polícia não é
uma coisa simples. É preciso resolver uma série de questões", diz.
Cita, por exemplo, as questões da
formação dos guardas (que dura
em média um terço do tempo que
a de um policial) e a quem a "nova
polícia" obedeceria.
Ele diz que as guardas são importantes no atendimento comunitário e na defesa de prédios públicos, parques e praças, atribuições que a corporação tem hoje.
E haverá dinheiro suficiente para todos? "Se vai haver dinheiro,
não sei. Só sei que a Secretaria de
Estado da Segurança Pública pediu à União, para as três polícias
de São Paulo [Militar, Civil e Científica], R$ 240 milhões neste ano e
até agora não recebeu nada."
Diz ainda que a decisão de criar
e reforçar as guardas não leva em
conta a realidade da maioria das
cidades brasileiras, que não terão
como manter esses efetivos.
O presidente do Conselho Nacional dos Comandantes-Gerais
das Polícias Militares do Brasil,
coronel João Paulo Vieira da Silva, da PM do Pará, diz acreditar
que não é mais possível prescindir
da colaboração das guardas no
policiamento ostensivo. Mas defende que armar e conceder o poder de polícia às guardas tem de
estar vinculado à formação e especialização dos seus integrantes.
Já o secretário municipal de Segurança Urbana de São Paulo e
presidente do Conselho Nacional
das Guardas Civis, Benedito Domingos Mariano, afirma ser a favor da proposta de dar mais poder às guardas civis municipais.
Para Mariano, ela deve ocupar
um nicho diferenciado que irá
complementar a ação das outras
polícias, dedicando-se, por exemplo, à segurança escolar e de trânsito. Ele diz que as guardas são
particularmente importantes nos
municípios de pequeno e médio
portes, onde, muitas vezes, têm
um efetivo superior ao da PM.
Ex-titular da Secretaria para Assuntos de Segurança Pública de
Guarulhos, Guaracy Mingardi,
pesquisador do Ilanud (Instituto
Latino-Americano das Nações
Unidas para a Prevenção do Delito e Tratamento do Delinquente),
também apóia a proposta.
Ele sustenta que, embora uma
alteração na Constituição seja necessária, não é preciso esperar que
ela ocorra para uma atuação mais
ostensiva das guardas.
Para isso, basta que as cidades
tenham mais verba e equipamentos. "Hoje muitas prefeituras ajudam a pagar os gastos do Estado
com segurança, arcando com aluguéis de delegacias, comprando
carros e aparelhos, mas não têm
uma polícia que atende às suas
necessidades particulares", diz.
(FERNANDO BARROS E MARIANA VIVEIROS)
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