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"Industrial socialista" deu nome de filha a comunidade
DA REPORTAGEM LOCAL
Ele foi chamado de "industrial
socialista" por seus pares. Fundou e dirigiu as entidades empresariais que desembocariam
na Fiesp. Fez parte do gabinete
trabalhista de Getúlio Vargas e
foi elogiado por Rui Barbosa. E
figura na cronologia do movimento operário do site do Partido Comunista do Brasil.
Em qualquer lista das personalidades mais improváveis do
Brasil do século 20, o industrial
Jorge Street (1863-1939) tem de
figurar entre os primeiros. É ele
o criador da Vila Maria Zélia,
que batizou com o nome de uma
filha morta aos 16 e que entraria
para a história como um tubo de
ensaio do que seria depois a primeira legislação trabalhista moderna do Brasil.
"Era um capitalista, mas cristalizava um capitalismo mais desenvolvido, talvez pela vivência
na Alemanha quando apareceram as primeiras leis trabalhistas
e os partidos socialistas", diz Palmira Petratti Teixeira, professora de história da Unesp e autora
de "A Fábrica do Sonho - Trajetória do Industrial Jorge Street"
(Paz e Terra, 1990).
Em 1912, começou a construção da Companhia Nacional de
Juta e de sua vila operária, a Maria Zélia. Dois anos depois, negociou o final de uma greve de
2.000 operários com um acordo
vantajoso para os trabalhadores.
Na vila, foi pioneiro na adoção
de medidas impensáveis então,
como criação de creches e escolas, igreja, restaurantes e serviço
de assistência médica.
Ao mesmo tempo, publicava
artigos em que, além de defender a indústria nacional e o protecionismo alfandegário, pregava a adoção de férias remuneradas, licença para gestantes e contrato coletivo de trabalho.
Em 1931, foi para o recém-criado Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio de Getúlio
Vargas. Até então, questões trabalhistas eram da alçada do Ministério da Agricultura.
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