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Arquiteto volta ao "passado" em visita a conjuntos
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos anos 50 e 60, o professor Nestor usava um artifício
engenhoso para conhecer
melhor São Paulo. A pretexto de mostrar a cidade a sua
sogra, que era de fora, ele
elegia um bairro por fim de
semana e o destrinchava.
O professor se tornou um
dos principais acadêmicos a
compreender a história urbana de São Paulo. Hoje, aos
72 anos, além de sociólogo e
arquiteto, Nestor Goulart
Reis Filho é um dos luminares da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.
Autor de "São Paulo e Outras Cidades" e "Evolução
Urbana do Brasil", entre outros, ele fez uma visita comentada a três vilas operárias da cidade, a pedido da
Revista da Folha.
"Comecemos pela Vila
Economizadora, de história
curiosa", diz. Diferentemente da maioria das outras vilas, esta não nasceu a reboque de uma fábrica, para
abrigar seus funcionários.
Foi idéia de um grupo de
amigos investidores, que viram no aluguel de casas para
operários uma boa oportunidade de ganhar dinheiro.
Com a soma recolhida
criariam um fundo de pensão privada, a tal Sociedade
Mútua Economizadora Paulista, cujo dirigente, o médico e escritor Cláudio de Souza, batizou as ruas com os
nomes dos sócios.
O próximo destino é a Vila
dos Ingleses, no mesmo
bairro da região central, mas
do outro lado do trilho da estrada de ferro que desemboca na estação da Luz. "Isso
aqui é uma exceção, um filé
mignon", afirma. A explicação: o público-alvo da construção eram os engenheiros
ingleses, que tinham vindo
ao Brasil para construir a estação da Luz e a estrada de
ferro Santos-Jundiaí.
Hoje uma vila comercial, é
a mais bem conservada.
O ponto final é a Vila Maria Zélia, no Belenzinho, zona leste. O professor observa
com tristeza o estado semidemolido dos edifícios. "Os
três são endereços importantes da história da cidade,
fáceis de serem visitados, sobretudo pelos jovens", diz.
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