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JACONDA MARTINA PRÍNCIPE MENDUNI (1916-2008)
A formiguinha e o teorema de Pitágoras
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Há dois meses, dona Jaconda recebeu em casa a visita de um médico. Ele queria
saber se a paciente estava lúcida aos 92 anos de idade.
Ao ser informado de que se
tratava de uma professora de
matemática, propôs fazer a
ela questões que exigissem
cálculos simples. Jaconda,
cega desde meados dos anos
90 devido a uma degeneração da retina, fez cara feia.
Quando iniciava o teste, o
médico foi interrompido.
"Antes de começarmos, gostaria que o senhor me dissesse qual a fórmula da equação
do segundo grau", disse a senhora. O médico se desculpou: não sabia responder.
Dona Jaconda aceitou a
"brincadeira". Ao final das
perguntas, após ter acertado
todas, não se conteve. "O senhor pode me dizer pelo menos o teorema de Pitágoras?"
Da visita, o médico concluiu que 1) Havia esquecido
o que aprendera na escola; 2)
Jaconda estava bem lúcida.
Nascida em Rio Claro
(SP), era filha de uma dona-de-casa e de um sapateiro,
imigrante italiano. Veio a
São Paulo com pouco mais
de um ano. Na década de 30,
formou-se professora.
Em 1932, durante a Revolução Constitucionalista,
costurou as roupas dos soldados. Em 1949, casou-se
com um comerciante, teve
três filhas (todas professoras) e, em 1972, ficou viúva.
Magrinha, andava tão rápido
pelas ruas que foi apelidada
de "formiguinha atômica".
Tinha mal de Parkinson.
Morreu no sábado, na capital
de SP, aos 92, de infarto.
obituario@folhasp.com.br
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