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MUNDO ANIMAL
Polícia suspeita de funcionário que já ameaçou colega de morte; animais eram usados em pesquisa e exibição
Ataque criminoso com cão mata 31 aves no Butantan
DA REPORTAGEM LOCAL
Um ataque criminoso com um
cachorro em um viveiro do Instituto Butantan de São Paulo (zona
oeste da cidade) matou 31 aves na
madrugada de anteontem -seis
galos, dez gansos, nove patos e
seis galinhas. Alguns eram usados
em pesquisas. Outros estavam
apenas em exibição.
O principal suspeito é um funcionário do próprio instituto, que
em 103 anos de história nunca havia registrado um caso como esse.
A direção do Butantan já abriu
uma sindicância interna para
apurar o crime, que está sendo investigado por policiais do 51º DP.
Os seis seguranças que vigiavam
a região próxima ao viveiro na
noite de quinta para sexta, quando ocorreu o ataque, disseram
não ter visto nem ouvido nada.
Quando os animais foram encontrados, na manhã de anteontem, alguns ainda agonizavam.
Todos apresentavam marcas de
mordidas no pescoço e na parte
peitoral, sob as asas. Pelas características dos ferimentos, os veterinários acreditam que o cão agressor tenha recebido treinamento
especial para lutas.
Sem telhado ou cobertura, o viveiro de cerca de 400 m2 é cercado
por uma tela de arame de um metro e meio de altura. Como não
houve arrombamento na fechadura nem na tela, é provável que
alguém tenha aberto o portão para que o cachorro entrasse no local ou jogado o animal dentro do
viveiro por cima do alambrado,
recolhendo-o depois do ataque.
Ontem de manhã, funcionários
da limpeza usavam rastelos para
juntar as penas das aves mortas,
espalhadas pelo viveiro com algumas manchas de sangue. Lotaram
dois sacos grandes de lixo.
Ao lado do viveiro ficam 76 macacos rhesus, uma das duas colônias em cativeiro que existem no
Brasil. Lá, a segurança é maior, já
que eles são protegidos por jaulas.
Alguns dos animais mortos foram levados para a perícia na Faculdade de Veterinária da USP
(Universidade de São Paulo), vizinha ao Butantan.
O funcionário que hoje é o principal suspeito dos crimes, cujo
nome não foi divulgado, já provocou muita confusão no Butantan
no último ano, desde que a nova
diretoria tomou posse.
Ele foi rebaixado de cargo no setor de transportes do instituto depois de ter ameaçado de morte
outro funcionário. Também foi
denunciado por uma mulher de
tê-la ameaçado de agressão, dizendo-se policial. Um outro caso
envolve o irmão do suspeito, que
também teria agredido outros trabalhadores do Butantan.
Mistério do zôo
Depois de quase nove meses de
investigações, ninguém foi preso
pelo envenenamento que matou
73 animais do Zoológico de São
Paulo, crime ocorrido entre 24 de
janeiro e 15 de março deste ano.
Os resultados dos exames realizados nos animais mortos apontaram o uso de fluoracetato de sódio -substância de uso proibido
no país- como a causa das mortes em série no zoológico.
Morreram três chimpanzés, três
antas, cinco dromedários, uma
elefanta, um bisão, um orangotango, dois macacos caiarara, dez
micos-leões-dourados, um macaco-de-cheiro, dois tamanduás,
um sagüi-preto-de-mão-amarela
e 43 porcos-espinhos.
Oito funcionários do parque,
um ex-diretor e um criador clandestino de aves suspeitos tiveram
a quebra de sigilo bancário e telefônico decretada pela Justiça Federal em julho. Nenhum deles foi
indiciado até agora.
As investigações apontaram conexão entre a repressão ao desvio
de animais do zoológico e o envenenamento dos bichos.
(FABIO SCHIVARTCHE E FERNANDA MENA)
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