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SAÚDE
Para surgir reação, organismo deve entrar em contato mais de uma vez com substância; testes não são seguros
Uso de antibiótico pode causar alergia
MAYRA STACHUK
DA REPORTAGEM LOCAL
ALESSANDRA BALLES
DA REDAÇÃO
Uma unha encravada fez com
que o publicitário Luiz Quesada,
48, descobrisse que é alérgico a
benzetacil, um dos antibióticos
mais comuns. Ele já havia tomado
o medicamento outras vezes, mas
sem apresentar reação.
"O médico me perguntou se eu
era alérgico, e eu disse que não.
Por isso fiquei surpreso quando
os sintomas começaram", disse
Quesada. O publicitário apresentou inchaço no local da injeção e
coceira pelo corpo todo.
"Tive que sofrer para descobrir
que era alérgico. Como é que a
gente pode se prevenir?" De acordo com o médico alergologista
Martti Anton Antila, não é possível. "Qualquer tipo de alergia precisa que o organismo entre em
contato mais de uma vez com o
elemento alergênico para se manifestar", afirma Antila, que é presidente da regional São Paulo da
Sociedade Brasileira de Alergia e
Imunopatologia.
"A alergia nunca acontece no
primeiro contato, e a primeira
reação é imprevisível."
Efeito colateral
A psicóloga Sônia Touro, 50,
passou por uma experiência semelhante à de Quesada no ano
passado. Para combater uma infecção urinária, o médico prescreveu um antibiótico. Após utilizá-lo, ela teve febre e ficou com o corpo vermelho e empipocado. Depois de uma semana, com a piora,
a psicóloga procurou o hospital.
"O médico diagnosticou reação
alérgica ao antibiótico e receitou
uma injeção de antialérgico. Já no
dia seguinte eu estava bem."
De acordo com o médico infectologista Sergio Wey, do Hospital
Israelita Albert Einstein, que atendeu Sônia Touro, a reação alérgica é, na verdade, um efeito colateral previsto nas bulas dos antibióticos. "Quando identificamos
uma reação, o procedimento é
suspender o medicamento imediatamente e alertar a pessoa para
que nunca mais faça uso dele."
O infectologista ressalta ainda
que os testes para detectar alergia
não são 100% seguros e, por isso,
na maioria dos casos, não são requisitados pelos médicos. "Se o
resultado do exame for negativo e
a pessoa ingerir novamente o medicamento, causando uma segunda reação, essa pode ter conseqüências muito mais graves."
Em uma primeira reação a antibióticos, segundo Wey, os sintomas mais comuns são coceira,
vermelhidão e inchaço. Já numa
segunda manifestação, a alergia
pode causar febre, convulsão e,
em casos extremos, até a morte.
Apesar de serem exceção, os
sintomas mais graves também
podem aparecer já em uma primeira reação alérgica.
Justamente por medo de uma
segunda reação alérgica, a estudante universitária Tayla Monteiro, 19, adotou o uso de bilhetes na
bolsa e no material escolar avisando sobre a alergia.
A estudante descobriu o problema quando tinha cinco anos de
idade, ao tomar um antibiótico
para combater uma crise de bronquite. Ela ficou com os olhos vermelhos e inchados. Desde então,
Tayla Monteiro só faz uso de medicamentos homeopáticos.
Utilização
A Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) não possui
uma política específica para o uso
de antibióticos. Segundo o órgão,
como as bulas têm de especificar
as indicações de uso, os efeitos colaterais e a dosagem, a agência só
verifica os casos em que há reações não previstas pelo fabricante. Nessas ocorrências, o médico
tem de notificar a Anvisa.
Apresentar reação alérgica a um
determinado antibiótico não significa que a pessoa não poderá
mais fazer uso desse tipo de medicamento. Os antibióticos são divididos em diversas classes (penicilina, sulfa, quinolona, eritromicina, entre outras). Ser alérgico a
uma dessas classes não implica
ter alergia a todas elas.
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