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Francisco Morato, no norte da Grande SP, gera pouca renda e tem de suprir grandes demandas sociais
Cidade-dormitório tem mais alta privação
DA REDAÇÃO
"Tô quebrado", diz José Cordeiro, 52. Ele é dono de um bar no
Jardim Vassouras, uma das áreas
mais carentes de Francisco Morato, cidade da Grande SP que tem o
mais alto percentual da população em áreas de alta privação social (88,4%). No bairro, o dinheiro
é tão escasso que comerciantes
anunciam o escambo: uma maçã
por uma panela velha ou duas
garrafas vazias.
A cidade não pertence aos grandes eixos de pobreza da metrópole -é um bolsão de alta exclusão
social formado em razão da ferrovia, que deu acesso fácil à moradia
barata. O crescimento populacional da cidade foi de 60% entre
1991 e 2000, quando somou 135
mil habitantes.
Como diz a secretária nacional
de Programas Urbanos, Raquel
Rolnik, "é desumano que municípios tenham de resolver sozinhos
os problemas criados pela região
metropolitana". Marcio Pochmann, secretário de Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade
da Prefeitura de SP, lembra que
1/3 da mão-de-obra ocupada na
capital não é residente nela.
Todos os dias, 30 mil pessoas
saem de Francisco Morato para
trabalhar, informa o prefeito José
Aparecido Bressane (PSDB). "Os
moradores geram renda em outra
cidade. Nós ficamos com os problemas." Muitos fazem suas compras onde trabalham e voltam à
cidade apenas para dormir. O comércio local tem dificuldades.
O chefes de casa são, de forma
geral, trabalhadores com pouca
qualificação. Há muitos desempregados. "Os recursos são mal
distribuídos na metrópole. O município depende de repasses do
Estado", diz Bressane. A cidade é
toda urbana e acidentada. Falta
espaço para tudo, até mesmo para
o desenvolvimento.
(EDNEY CIELICI DIAS)
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