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DANUZA LEÃO
Vivendo e aprendendo
Dizem que o abandono é
das maiores dores que se podem sofrer; é mesmo, e ninguém
está livre de ser deixado. Mas, para que o dano não seja fatal, é
preciso estar atento -e forte-
em todos os momentos da vida.
O amor não acaba de uma hora
para a outra; ninguém, apaixonado, cai de encantos por outra
pessoa assim, de repente. As coisas vão ficando ruins aos pouquinhos.
No auge da paixão, ele chegava
tarde (do trabalho, é claro), entrava debaixo dos lençóis, se encaixava todo carinhoso e você,
que fingia estar dormindo, se encaixava também, toda feliz. Lembra? Se agora ele se deita bem de
mansinho para não te acordar, e
de costas, é bom ficar com os olhos
muito abertos, aliás, esbugalhados. Se fica tempo demais sem dizer "vem cá, mulher, senta aqui
do meu lado", se não reclama
porque você está demorando
muito no banho ou na cozinha, ligue o alerta. Homem tem que
querer a gente por perto o tempo
todo, ou então não vale.
Para ter a certeza de que ele está
se distanciando, preste muita
atenção; nada de revistar os bolsos ou tentar controlar o celular,
essas baixarias são inúteis. Também não caia na conversa de que
nós, mulheres, somos ciumentas e
neuróticas. É verdade, mas somos
também inteligentes e perceptivas, por isso enxergamos as coisas
até antes de elas acontecerem.
Uma mulher cruza com outra
na rua, mesmo com ele bem longe, e sente um súbito ódio; por
quê? Porque sabe que é ali que
mora o perigo. A gente sabe, e
quando começam os primeiríssimos sinais de que o clima está
mudando -e nesse terreno a
mudança é sempre para pior-,
existem duas opções: fingir que
não está percebendo ou se ligar.
Há as que não querem ver -por
comodidade, cegueira mental, dificuldade em lidar com a realidade. Por acharem que pode ser
apenas uma fase, elas ficam mudas e paralisadas. Se são abandonadas, passam o resto da vida
com a auto-estima abaixo do nível do mar e se sentindo as mais
infelizes das criaturas.
Como se não bastasse, pensam
que continuam apaixonadas pelo
homem que as abandonou, o que
não pode ser verdade: como é possível gostar de quem não gosta
mais da gente? Saudades dos bons
tempos pode até ser -às vezes-,
mas o pior é achar que nunca
mais vai poder acreditar em homem nenhum, porque aí a vida
fica muito ruim.
Quando você perceber que seus
antigos sonhos estão se transformando em pesadelo, mesmo que
ainda esteja apaixonada, é bom
começar a pensar no futuro, num
futuro sem ele. Mesmo sofrendo,
vá nadar, entre numa aula de
equitação, cuide da pele, dos cabelos e do cérebro, leia, informe-se, prepare-se, enfim; se acontecer
o pior -que pode até virar o melhor-, já estará prontinha para
uma nova vida. Detalhe: muitas
vezes essas providências colocam
uma pulga bem atrás da orelha
deles, o que é sempre bom.
Não existe nada pior do que
continuar ao lado de um homem
que se desapaixonou, e como
guerra é guerra, quando sentir
que a derrota está próxima, faça
uma retirada estratégica. Sem
drama: se tiver que chorar, chore,
mas só depois, quando estiver sozinha. E prepare-se, pois, quando
essa retirada é feita na hora certa,
eles costumam querer voltar; os
homens são todos iguais (e as mulheres também).
Se isso acontecer, você vai poder
escolher: ou diz não àquele que
quase te deixou, o que é uma to-tal delícia, ou não resiste e cai naquele flashback básico, o que é
perfeitamente normal em qualquer pessoa que se preze.
Bem interessante a vida, não?
E-mail - danuza.leao@uol.com.br
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