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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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SAÚDE

Mais de 50% dos que disputam hoje a Maratona Internacional de São Paulo não recebem auxílio especializado

Corredor faz prova sem orientação médica

FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco mil pessoas correrão hoje os 42 km de uma maratona pelas ruas de São Paulo, a maior parte delas provavelmente sem jamais ter passado por uma orientação de saúde. São autodidatas. Alguns, para treinar, levantam, tomam uma xícara de café e saem literalmente correndo, em direção ao trabalho. No fim do dia, voltam no mesmo ritmo para casa.
"Correm por lazer, para melhorar a performance, não para ganhar", afirma o diretor da Sociedade Paulista de Medicina do Esporte, Samir S. Daher, que coordenou um estudo sobre o perfil dos corredores nas últimas edições da Maratona Internacional de São Paulo -este é o nono ano da prova.
Daher e colaboradores apresentarão os resultados inéditos no próximo mês, no Congresso Brasileiro de Medicina do Esporte. As estatísticas são praticamente as mesmas nos últimos dois anos. Mais de 50% dos maratonistas nunca tiveram orientação especializada e continuam correndo. Dos demais, 25% dizem ter "um preparador físico", que pode ser um amigo, um vizinho.
Os que acabam nos postos médicos espalhados pelo percurso, principalmente com dores nos membros inferiores -joelhos, pernas e coxas- e irritação nas axilas, por causa do atrito, são os que correm sem orientação.
Os estudos mostram que os corredores não respeitam a recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde) de intervalos de três meses entre uma prova e outra. "Tem gente que, em menos de um mês, já está correndo novamente", afirma Daher.
A organização exige que os participantes assinem termos de responsabilidade, em que assumem estar em condições de correr. "Cada um é responsável por sua parte. Temos a preocupação de que não tenham condição, mas não podemos assumir a responsabilidade", diz Manoel Garcia Arroio, diretor técnico da prova.
No evento, afirma, haverá um médico para cada 150 participantes e 16 pontos para o corredor "estacionar" e receber assistência se passar mal. "Ele tem de ter responsabilidade e parar", diz. No histórico da prova, apenas uma pessoa morreu. A vítima tinha recomendação médica para não correr. A organização realizou dois dias de simpósios de orientação antes da corrida.
"Ao sentir qualquer mal estar, o corredor deve parar", afirma Nabil Ghorayeb, chefe da seção de Cardiologia do Esporte do Instituto Dante Pazzanese de São Paulo. Segundo Héldio Freitas, médico responsável pelo atendimento médico na chegada dos atletas, perda de controle, tontura e ânsia de vômito são sinais de que é hora de diminuir o ritmo e procurar ajuda. Antes da prova, o aquecimento é fundamental.



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