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SAÚDE
Mais de 50% dos que disputam hoje a Maratona Internacional de São Paulo não recebem auxílio especializado
Corredor faz prova sem orientação médica
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
Cinco mil pessoas correrão hoje
os 42 km de uma maratona pelas
ruas de São Paulo, a maior parte
delas provavelmente sem jamais
ter passado por uma orientação
de saúde. São autodidatas. Alguns, para treinar, levantam, tomam uma xícara de café e saem literalmente correndo, em direção
ao trabalho. No fim do dia, voltam
no mesmo ritmo para casa.
"Correm por lazer, para melhorar a performance, não para ganhar", afirma o diretor da Sociedade Paulista de Medicina do Esporte, Samir S. Daher, que coordenou um estudo sobre o perfil
dos corredores nas últimas edições da Maratona Internacional
de São Paulo -este é o nono ano
da prova.
Daher e colaboradores apresentarão os resultados inéditos no
próximo mês, no Congresso Brasileiro de Medicina do Esporte. As
estatísticas são praticamente as
mesmas nos últimos dois anos.
Mais de 50% dos maratonistas
nunca tiveram orientação especializada e continuam correndo.
Dos demais, 25% dizem ter "um
preparador físico", que pode ser
um amigo, um vizinho.
Os que acabam nos postos médicos espalhados pelo percurso,
principalmente com dores nos
membros inferiores -joelhos,
pernas e coxas- e irritação nas
axilas, por causa do atrito, são os
que correm sem orientação.
Os estudos mostram que os corredores não respeitam a recomendação da OMS (Organização
Mundial de Saúde) de intervalos
de três meses entre uma prova e
outra. "Tem gente que, em menos
de um mês, já está correndo novamente", afirma Daher.
A organização exige que os participantes assinem termos de responsabilidade, em que assumem
estar em condições de correr.
"Cada um é responsável por sua
parte. Temos a preocupação de
que não tenham condição, mas
não podemos assumir a responsabilidade", diz Manoel Garcia
Arroio, diretor técnico da prova.
No evento, afirma, haverá um
médico para cada 150 participantes e 16 pontos para o corredor
"estacionar" e receber assistência
se passar mal. "Ele tem de ter responsabilidade e parar", diz. No
histórico da prova, apenas uma
pessoa morreu. A vítima tinha recomendação médica para não
correr. A organização realizou
dois dias de simpósios de orientação antes da corrida.
"Ao sentir qualquer mal estar, o
corredor deve parar", afirma Nabil Ghorayeb, chefe da seção de
Cardiologia do Esporte do Instituto Dante Pazzanese de São Paulo. Segundo Héldio Freitas, médico responsável pelo atendimento
médico na chegada dos atletas,
perda de controle, tontura e ânsia
de vômito são sinais de que é hora
de diminuir o ritmo e procurar
ajuda. Antes da prova, o aquecimento é fundamental.
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