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São Paulo, domingo, 11 de maio de 2003

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RIO

Gravação do circuito interno da Estácio de Sá mostra homem armado no momento em que houve o disparo contra estudante

Tiro pode ter sido dado de campus, afirma Garotinho

DA SUCURSAL DO RIO

O secretário de Segurança Pública do Rio, Anthony Garotinho, afirmou ontem que a polícia do Rio trabalha agora com a suspeita principal de que o tiro que atingiu na segunda-feira a estudante Luciana Novaes, 19, teria partido de dentro das instalações da Universidade Estácio de Sá, e não mais do morro do Turano (zona norte), vizinho ao estabelecimento.
Além de falar sobre o caso da universitária, em seu programa na Rádio Carioca, Garotinho também comemorou a morte de supostos criminosos desde que ele assumiu o cargo. "Nesses 12 dias à frente da secretaria, mais de cem criminosos já morreram em confronto com a polícia", afirmou.
Imagens do circuito interno de TV da Estácio e o exame de balística do projétil que atingiu a coluna cervical de Luciana mudaram os rumos das investigações e indicam, segundo Garotinho, que "há 95% de possibilidade de o tiro ter sido disparado de dentro da própria universidade".
Segundo a direção da universidade, o secretário já recebeu novas fitas com imagens de outro ângulo do pátio onde estava Luciana. A secretaria, no entanto, não confirmava a informação até o fechamento desta edição.
Apesar da péssima qualidade das imagens do circuito interno de TV, é possível ver, ao fundo do corredor onde estava Luciana, um vulto de um homem que poderia estar segurando uma pistola ou até mesmo um fuzil.
O delegado Renato Carvalho, responsável pelas investigações, disse ter "90% de probabilidade" de que o vulto que aparece nas imagens esteja mesmo carregando um fuzil.
Ontem, Carvalho disse ter ouvido um funcionário da Estácio de Sá, que estava na universidade no momento em que a estudante foi baleada. Ele teria visto três homens armados entrando no campus e mandando a faculdade fechar, segundo o delegado.
Carvalho afirmou que, ainda assim, não é possível afirmar que o tiro veio de dentro da universidade. Para o delegado, eles só poderão ter certeza após fazer uma reconstituição do crime no local e checar o laudo médico com a posição da bala. A reconstituição está marcada para terça-feira.
Anteontem, o resultado do exame de balística mostrou que a bala que atingiu Luciana partiu de uma pistola de calibre .40. Segundo os peritos, uma bala disparada de uma pistola com essa característica dificilmente teria condições de acertar um alvo a 600 metros, que é a distância do morro do Turano até o pátio onde Luciana foi atingida.
A hipótese de o tiro ter sido disparado de dentro da própria universidade ainda não descarta que os traficantes do morro do Turano sejam os responsáveis pelo crime. Segundo o secretário, a ocupação do morro vai continuar.
No entanto, a polícia passa a trabalhar também com as hipóteses de que seguranças da própria universidade ou até mesmo policiais tenham feito o disparo. A suspeita sobre policiais se justifica pelo fato de o tiro ter partido de uma pistola de calibre .40, como as que são usadas pela polícia do Rio de Janeiro.
A participação dos seguranças da universidade é menos provável porque eles usariam revólveres de calibre .38, e não pistolas de calibre .40. Segundo Marcelo Campos, diretor da Estácio, só andam armados os seguranças que ficam na parte externa da universidade. Os que trabalham no interior do estabelecimento, afirma Campos, não possuem armas.
O estado de saúde de Luciana Gonçalves de Novaes ainda é grave, de acordo com os médicos que estão atendendo a estudante. Ontem pela manhã, eles suspenderam a aplicação de sedativos para poder avaliar melhor o nível de consciência da jovem.
Na última quinta-feira, ela foi submetida a uma intervenção cirúrgica para implantação de duas próteses metálicas entre a segunda e a terceira vértebras para estabilizar a coluna cervical.
A aluna do primeiro ano de enfermagem continua respirando com o auxílio de aparelhos e só deve deixar o coma induzido amanhã. De acordo com o neurocirurgião José Augusto Nasser, só então será possível avaliar se ela vai recuperar os movimentos dos braços e das pernas. É provável que nos próximos dias Luciana faça uma nova cirurgia.



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