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VIOLÊNCIA
Segundo policiais, quadrilhas disputam domínio de bocas-de-fumo na divisa com Guarulhos
Guerra do tráfico mata 35 na zona norte de SP
DO "AGORA"
Uma disputa pelo controle dos
pontos-de-venda de droga na divisa da capital paulista com Guarulhos (Grande São Paulo) causou a morte de pelo menos 35 pessoas nos meses de maio e junho.
O dado foi obtido por intermédio de um levantamento feito pela
reportagem em ocorrências registradas em três delegacias.
Principalmente no 73º DP, distrito que atende a maior parte dos
bairros paulistanos que fazem divisa com Guarulhos, os policiais
civis encarregados de investigar
esses homicídios -todos eles
proibidos de dar entrevistas pela
Secretaria da Segurança Pública- afirmam haver uma guerra
entre traficantes na região.
Nas palavras dos criminosos, as
"pás" (quadrilhas) estão disputando as "biqueiras" (bocas-de-fumo). Com o controle de novos
pontos, os traficantes também
conquistariam prestígio dentro
das facções criminosas PCC (Primeiro Comando da Capital) e
CRBC (Comando Revolucionário
Brasileiro da Criminalidade), as
duas maiores do Estado.
O front dessa guerra seria um
trecho da rodovia Fernão Dias,
que vai da via Dutra até a última
rua do bairro do Jaçanã. Do lado
da capital, prevalece o PCC. Em
Guarulhos, o CRBC.
O combate teria ficado ainda
mais intenso na semana retrasada, quando foram assassinados
um ex-cabo da PM -morador de
Guarulhos- e o homem apontado como o chefe do tráfico na zona norte de São Paulo, o ex-presidiário e membro do PCC Cleanto
Ribeiro de Souza, 34.
Com dinheiro da facção, Souza
teria comprado três meses antes
de sua morte a boca-de-fumo do
Jardim Bela Vista, apontada como uma das mais rentáveis da cidade, movimentando aproximadamente R$ 30 mil por semana.
Depois do assassinato do traficante, o ex- PM Hélcio Luiz de
Souza Goulart, 38, foi seqüestrado, torturado e morto, no dia 30,
por aliados de Souza.
Além do ponto-de-venda do
Jardim Bela Vista, o tráfico do Vale dos Machados também renderia cerca de R$ 120 mil por mês.
Controlada por dois irmãos ligados ao PCC, a boca-de-fumo
venderia cerca de 2 kg de cocaína
por semana, segundo avaliação de
policiais de Guarulhos.
A disputa na região teria feito o
traficante Francisco Deostenes de
Amorim Araújo, conhecido como Chiclete, deixar o país nos últimos meses para não ter de pagar
o chamado "pedágio" ao PCC.
O "pedágio" é estipulado quando os chefes da facção concordam
por algum motivo em não tomar
um ponto-de-venda. O traficante
local passa então a ter de depositar R$ 500 por mês em contas ligadas a presos do PCC recolhidos na
"torre" -apelido dado pelos criminosos à Penitenciária Orlando
Brando Filinto, em Iaras (282 km
de SP).
(ANDRÉ CARAMANTE)
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