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CAMELÔS DO MUNDO
Pequenos exportadores vendem produtos improváveis como caixão funerário e ketchup de goiaba
Itens inusitados ganham mercado externo
PAULO SAMPAIO
DA REVISTA
Acredite: a foto ao lado reúne
exportadores brasileiros posando
com seus produtos. Concorrentes
inconciliáveis até pouco tempo
atrás, eles sepultaram as disputas
e se juntaram para vender lá fora
um produto de consumo praticamente universal, mas pouco ou
nada freqüente na pauta de exportação: caixões de defunto.
"Eu pensei: "Por que não?". Afinal, morre gente no mundo o
tempo todo", lembra o muito vivo
Fábio Marcucce, 30, que começou
um estudo em 2001 sobre o mercado de caixões. Daí a concluir
que as possibilidades eram bastante promissoras foi um pulo.
"Descobri que a mão-de-obra
no setor era muito barata, que a
incidência de insumo sobre o importado para a fabricação no Brasil é baixa e que a madeira utilizada na confecção do produto, o pínus, é reflorestável, uma exigência
de países ecologicamente corretos", conta. Hoje, Marcucce e 15
empresários vendem cerca de 600
caixões por mês para Itália, Chile,
EUA, Espanha e Portugal.
Por mais promissores que sejam, caixões não chegam a ser, assim, nenhuma soja, produto vedete que o mercado brasileiro exporta em milhões de toneladas
para muitos países. Mas fazem
parte de uma lista de itens inusitados que, vendidos apenas em
poucas dúzias ou algumas centenas, ajudam a engordar os saldos
da balança comercial.
É o bucho de boi que virou couro de sapato de grife exposto nas
vitrines da Itália; o quimono que
ganhou aceitação no Japão; o ketchup de goiaba bem recebido nos
EUA; a manta de pele de rã e de
peixe que, colada com solda artesanal nacional, faz chinês comprar sofá de peixe.
Microexportadores de um país
do 3º Mundo, como o Brasil, sabem que é preciso exercitar muito
a criatividade para aparecer no
mercado internacional. Também
há que ser teimoso, quase chato.
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