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SÃO CAETANO
Índice estaria relacionado à riqueza da cidade
Investimentos em segurança não derrubam violência no município
PALOMA COTES
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo realizando uma espécie
de municipalização da segurança
pública -com investimentos de
mais de R$ 7,6 milhões em equipamentos, infra-estrutura e até
mesmo em suplementação de salários das polícias Civil e Militar- a cidade de São Caetano do
Sul (Grande SP) não viu as ocorrências criminais caírem.
Em alguns casos, a cidade viu
acontecer justamente o contrário.
É o que mostram estatísticas
anuais de ocorrências policiais registradas pela Secretaria de Estado da Segurança Pública.
De 1999 a 2001, o número de
furtos e homicídios cresceu. Já os
roubos e furtos de veículos apresentaram queda de 1999 para
2000, para depois aumentarem.
Desde 1997, uma lei municipal
-elaborada pelo prefeito reeleito
Luiz Tortorello (PTB)- regulamentou o pagamento de pró-labore mensal, fixado no valor de
R$ 300, para policiais militares.
Em fevereiro deste ano, a gratificação foi estendida também para
o efetivo da Polícia Civil.
Isso significa um aumento de
25% no salário de policiais -civis
e militares- em início de carreira, que ganham, no município, segundo a Secretaria de Estado da
Segurança Pública, R$ 1.200. Outros funcionários de ambas as polícias também recebem gratificação: R$ 80 por mês.
Além disso, a administração
municipal investiu em equipamentos como coletes à prova de
bala, rádios, capas de chuva, algemas e carros -que levam o brasão da atual gestão.
A medida não permitiria que
carros comprados com a verba
municipal fossem transferidos
para outras cidades do Estado e,
de quebra, os brasões acabam fazendo uma espécie de publicidade da atual gestão.
Já para a Polícia Civil, além do
aumento salarial, o dinheiro municipal foi utilizado para a compra de computadores para as três
delegacias que existentes no município. Uma delas foi reformada
com verba da prefeitura.
Os gastos com segurança pública -que vale lembrar não são
uma atribuição municipal - são
da ordem de R$ 1,1 milhão com
pró-labores e mais R$ 6,5 milhões
com equipamento. Isso significa
que São Caetano já gasta 3,6% de
seu orçamento com segurança.
Pelo que os números indicam,
não há uma relação direta entre
investimento em equipamentos, a
"caixinha" recebida pelos policiais -que resultaria em homens
"mais motivados", segundo o comando da PM local- com a queda da criminalidade.
A constatação está nos dados e,
segundo o sociólogo e consultor
em segurança Tulio Kahn, não há
uma relação direta entre as duas
variáveis.
"A quantidade de crimes não
tem relação direta com o número
de policiais ou com quanto eles
ganham. Isso tem mais relação
com a renda média da cidade, por
exemplo. Para conter o crescimento da criminalidade, é preciso
mudar a estratégia de policiamento, não aumentar as quantidades", afirma.
A explicação para os crimes que
acontecem em São Caetano, segundo Kahn, está relacionada
com a "riqueza" do município.
Dados de 2001, fornecidos pela
prefeitura, mostram que a cidade
tem uma renda per capita anual
de US$ 16.500 e há apenas 1% de
analfabetismo. No ano passado, a
cidade foi a primeira colocada no
ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
"Em cidades com melhor qualidade de vida, há crescimento de
crimes contra o patrimônio, já
que há mais carros e coisas para
roubar. É aí que acontecem os
chamados crimes de oportunidade. O problema de São Caetano
não é o mesmo de São Paulo", afirma Kahn.
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