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Doadores contam como se sentem
DA REVISTA
Como vivem os homens que doaram sêmen e não sabem quem são os filhos que geraram? Quatro doadores de sêmen -três brasileiros casados e um americano
solteiro- explicam por que o Dia dos Pais é uma data estranha.
Pergunta - O que o levou a doar
sêmen?
Anthony*, 27, escritor - É um
processo indolor e eu preciso de
dinheiro (diferentemente do Brasil, nos EUA o homem recebe US$
50 por doação, que pode ser feita
três vezes por semana).
André*, 32, bombeiro - Li numa
revista que no Brasil faltam doadores e decidi colaborar. Tenho
amigos que acham isso um absurdo, minha mulher não aceitou,
porque ela é evangélica. Mas eu
tenho muita saúde e estou sempre
disposto a ajudar.
Pergunta - Você se sente curioso
sobre possíveis filhos?
Anthony - Esses pensamentos
costumam vencer meu lado racional. Eu me pergunto se eles
tentarão e conseguirão me contatar. Se isso será um problema, caso eu me case. Eu até me preocupo com algumas crianças que podem crescer sem um pai. E me
questiono como eles serão. Eles
farão coisas grandiosas? Eu devo
me sentir responsável? Mas depois a coisa passa.
Pergunta - Você toparia conhecer
um descendente nascido graças a
seu sêmen?
José Antonio Sarahan, 38, empreiteiro - Não iria me opor, mas a
iniciativa teria de partir dele.
André - Acho que a criança teria
o direito de saber a verdade e me
conhecer, mas pai é quem cria.
Renato de Freitas Lange, 45, biomédico - Quem sabe mais para a
frente. Mas eu acho que seria melhor não ter o contato. Eu me contentaria vendo. Se alguém me
mostrasse de longe: "Olha, é
aquele ali".
Pergunta - O que você diria para o
pai dele?
José Antonio - Aproveite ao máximo o filho, a paternidade é um
prazer inigualável. Não importa
se meu sêmen foi usado por um
casal heterossexual, de lésbicas ou
uma mãe solteira; o filho vale a
mesma coisa para todos.
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