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FAUSTIN VON WOLFFENBÜTTEL (1940-2008)
A imprensa livre de Fausto Wolff
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
A primeira barreira se ergueu quando o garoto de
Santo Ângelo (RS) ganhou o
impronunciável nome de
Faustin von Wolffenbüttel.
Para facilitar a vida de quem
pretendesse chamá-lo, tornou-se Fausto Wolff.
A segunda foi a pobreza. O
fato de ter estudado somente
até a quinta série, porém, não
o impediu de conquistar em
1997 o prêmio Jabuti pelo romance "À Mão Esquerda".
Autodidata e sem dinheiro,
roubava livros quando moleque. Quando tentou surrupiar outra coisa, foi repreendido pelo dono da livraria:
"Livro pode, baralho não".
Há quatro anos, estranhou
não entender nada do que lia
no computador. Gritou "passarinho", apelido que deu a
Mônica, a mulher, e avisou
que havia desaprendido a ler
e a escrever. Teve um AVC
(acidente vascular cerebral).
Com um dia de UTI, fugiu
do hospital. Foi ao boteco,
comeu um sanduíche de pernil, bebeu conhaque e fumou.
Terminou na casa do amigo
Millôr Fernandes, que o convenceu a voltar ao hospital.
Sua saúde foi piorando a
partir daquele ano. Com passagens por "O Pasquim", "O
Globo", "Cruzeiro" e "Manchete", Fausto tinha uma coluna no "Jornal do Brasil".
Polêmico, dizia-se um representante do proletariado
dentro da imprensa.
Aos 68, morreu no Rio, na
sexta, de insuficiência respiratória. O autor de "A Imprensa Livre de Fausto
Wolff" foi casado nove vezes
e teve duas filhas. Como pediu em poema, foi cremado.
obituario@folhasp.com.br
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