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Sob ameaça, jovem procura ajuda e leva 6 dias para ir a abrigo
Conselho Tutelar diz que não conseguiu local para o rapaz; Secretaria da Assistência afirma que só ontem soube do caso
Adolescente de 16 anos que diz estar ameaçado de morte na zona sul de São Paulo seguiria ontem para um centro de atendimento
LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL
Um adolescente de 16 anos,
morador de rua e ameaçado de
morte por envolvimento com
drogas, estava desde sexta-feira
-quando procurou o Conselho
Tutelar do Jardim São Luiz, na
zona sul de São Paulo- sem local para ficar. Somente ontem
ele foi encaminhado para um
abrigo -nesse período, ficou
na casa de um amigo.
A Secretaria Municipal de
Assistência e Desenvolvimento
Social alegou que só ontem foi
informada sobre o caso.
Os conselheiros da unidade
do Jardim São Luiz ligaram para nove abrigos (os Crecas,
Centros de Referência da
Criança e do Adolescente) dos
17 existentes na cidade de São
Paulo -como o jovem precisa
de proteção, ligaram apenas
nos mais distantes da zona sul.
Nos nove, a mesma resposta:
"Não há vaga", segundo a conselheira Ana Flaviana de Paula.
Procuraram então o serviço
social da Subprefeitura de
M'Boi Mirim, onde o conselho
está sediado, e ligaram em seguida para a secretaria.
Ainda segundo Ana, os funcionários do órgão não resolveram o problema. "Ficaram passando a gente de telefone para
telefone, aí deram um número
de celular que só caía na caixa
postal... Parecia que ninguém
queria ajudar em nada".
"Fiquei desesperada, não tinha para onde encaminhá-lo",
diz Ana. Sem saída, perguntou
ao jovem se ele tinha onde ficar,
e ele foi dormir na casa de um
amigo. Ontem, o adolescente
voltou a procurar o conselho.
"Ele não tinha mais para onde
ir. Se voltasse para a rua, iam
matá-lo", diz Ana.
Desencontro
Questionada, a secretaria diz
que ocorreu um desencontro
de informações. Renata Aparecida Ferreira, responsável pelos abrigos e pela Coordenadoria de Atenção à População de
Rua da secretaria, afirma que
"esse caso foi comunicado só
agora no final da tarde [de ontem]". Ela disse acreditar que
os conselheiros não seguiram o
trâmite correto, porque sempre que a secretaria é acionada,
vai atrás de uma solução.
Eram cerca de 19h30 de ontem quando Renata afirmou
que a secretaria já estava procurando um abrigo para o jovem ficar. Às 21h, a secretaria
informou ter achado uma vaga.
Ele iria para uma unidade onde
já havia estado, longe de M'Boi
Mirim. Uma Kombi iria buscá-lo, com dois agentes para garantir a segurança dele.
O menino estava sendo atendido pelo serviço de proteção à
pessoa da prefeitura, mas fugiu
há dois meses porque "era zoado por uns caras" -como ele
relatou à conselheira.
Antes de ser atendida pelo
serviço de proteção, a criança
ou o adolescente deve ser levada a um abrigo, que entra em
contato com o serviço.
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