São Paulo, quinta-feira, 11 de setembro de 2008

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Sob ameaça, jovem procura ajuda e leva 6 dias para ir a abrigo

Conselho Tutelar diz que não conseguiu local para o rapaz; Secretaria da Assistência afirma que só ontem soube do caso

Adolescente de 16 anos que diz estar ameaçado de morte na zona sul de São Paulo seguiria ontem para um centro de atendimento

LUISA ALCANTARA E SILVA
DA REPORTAGEM LOCAL

Um adolescente de 16 anos, morador de rua e ameaçado de morte por envolvimento com drogas, estava desde sexta-feira -quando procurou o Conselho Tutelar do Jardim São Luiz, na zona sul de São Paulo- sem local para ficar. Somente ontem ele foi encaminhado para um abrigo -nesse período, ficou na casa de um amigo.
A Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social alegou que só ontem foi informada sobre o caso.
Os conselheiros da unidade do Jardim São Luiz ligaram para nove abrigos (os Crecas, Centros de Referência da Criança e do Adolescente) dos 17 existentes na cidade de São Paulo -como o jovem precisa de proteção, ligaram apenas nos mais distantes da zona sul. Nos nove, a mesma resposta: "Não há vaga", segundo a conselheira Ana Flaviana de Paula.
Procuraram então o serviço social da Subprefeitura de M'Boi Mirim, onde o conselho está sediado, e ligaram em seguida para a secretaria.
Ainda segundo Ana, os funcionários do órgão não resolveram o problema. "Ficaram passando a gente de telefone para telefone, aí deram um número de celular que só caía na caixa postal... Parecia que ninguém queria ajudar em nada".
"Fiquei desesperada, não tinha para onde encaminhá-lo", diz Ana. Sem saída, perguntou ao jovem se ele tinha onde ficar, e ele foi dormir na casa de um amigo. Ontem, o adolescente voltou a procurar o conselho. "Ele não tinha mais para onde ir. Se voltasse para a rua, iam matá-lo", diz Ana.

Desencontro
Questionada, a secretaria diz que ocorreu um desencontro de informações. Renata Aparecida Ferreira, responsável pelos abrigos e pela Coordenadoria de Atenção à População de Rua da secretaria, afirma que "esse caso foi comunicado só agora no final da tarde [de ontem]". Ela disse acreditar que os conselheiros não seguiram o trâmite correto, porque sempre que a secretaria é acionada, vai atrás de uma solução.
Eram cerca de 19h30 de ontem quando Renata afirmou que a secretaria já estava procurando um abrigo para o jovem ficar. Às 21h, a secretaria informou ter achado uma vaga. Ele iria para uma unidade onde já havia estado, longe de M'Boi Mirim. Uma Kombi iria buscá-lo, com dois agentes para garantir a segurança dele.
O menino estava sendo atendido pelo serviço de proteção à pessoa da prefeitura, mas fugiu há dois meses porque "era zoado por uns caras" -como ele relatou à conselheira.
Antes de ser atendida pelo serviço de proteção, a criança ou o adolescente deve ser levada a um abrigo, que entra em contato com o serviço.


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