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SAÚDE
Frio aumenta risco de pneumonia "atípica"
Aglomeração em locais fechados e dificuldade de dispersão de poluentes facilitam inalação de agentes da doença
DA REPORTAGEM LOCAL
O que o ministro da Justiça,
Márcio Thomaz Bastos, 66, o humorista Chico Anysio, 72, o ator
Antônio Fagundes, 53, têm em
comum? Todos já fizeram parte
do contingente de 2 milhões de
brasileiros que, por ano, são vítimas de algum tipo de pneumonia.
A chegada das estações mais
frias (outono e inverno) aumenta
ainda mais o risco de contrair a
doença, especialmente as chamadas pneumonias "atípicas", que
não são causadas por bactérias
(das quais a mais conhecida é o
pneumococo), mas por vírus e
outros microorganismos que se
propagam pelo ar e encontram
em lugares fechados e pouco ventilados um ambiente bastante
propício para sua disseminação.
Embora não apresentem disparidades em relação à forma de se
manifestar nem à capacidade de
causar danos à saúde, as pneumonias bacteriana e "atípicas" têm
uma diferença básica. Enquanto a
primeira é combatida por antibióticos, a segunda só pode ser
curada pelo tempo, afinal não há
remédios que matem os vírus.
Nesse caso, resta direcionar os
cuidados médicos para o estado
geral do paciente -o que pode
ser um perigo extra para quem
pertence ao grupo de risco das
pneumonias: idosos, portadores
de doenças crônicas e pessoas que
têm o sistema de defesa comprometido por fatores como Aids ou
uso de certos medicamentos.
Pneumologistas ouvidos pela
Folha afirmam que a temperatura
é um dos fatores determinantes
nos surtos de pneumonia.
"No inverno, é mais comum
contrair gripes, que podem evoluir para pneumonias, e é mais
comum haver aglomerações. O
frio também influi, mas isso é algo
que a medicina constatou e não
sabe explicar", diz o presidente da
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Carlos
Alberto de Castro Pereira.
"Além do ar frio, que irrita mais
as vias respiratórias, no inverno as
condições atmosféricas costumam não ser favoráveis à dispersão de poluentes e, portanto, dos
microorganismos que estão no
ar", afirma o pneumologista Carlos Carvalho, supervisor do serviço de pneumologia do Hospital
das Clínicas de São Paulo.
Embora possa se agravar e até
levar à morte, a pneumonia é uma
doença oportunista, que só surge
e só se complica se as defesas do
corpo estiverem abaladas, explica
o coordenador do pronto atendimento em pneumologia da Unifesp (Universidade Federal de São
Paulo), Clystenes Soares Silva.
A bacteriana não é contagiosa.
As bactérias estão geralmente no
próprio organismo (na garganta,
por exemplo), se desprendem e
são aspiradas para os pulmões-
fenômeno que ocorre com 45%
das pessoas e pode acontecer durante um sono pesado, quando os
reflexos do organismo estão menos alertas. Nas "atípicas", os
agentes estão no ar e são inalados,
indo também para o pulmão.
As mortes não chegam a 5% dos
casos e se concentram no grupo
de risco. No Brasil, o índice de
mortalidade foi de 3,7% em 2000.
Vacina
A grande arma na prevenção
contra as pneumonias é a vacinação contra a própria doença e
contra a gripe. Elas respondem
pela redução de até 65% na incidência da doença, diz Pereira.
É à vacinação que a Funasa
(Fundação Nacional da Saúde)
atribui a estabilização no número
de mortes e a queda das internações por pneumonia no país. Segundo o órgão, o momento ideal
para tomar as vacinas é agora porque, quando o inverno chegar, a
proteção já estará garantida.
A vacinação de idosos contra
gripe vai até o dia 30. Já a vacina
contra pneumonia (do tipo bacteriana) pode ser tomada em postos
de saúde. Os portadores de doenças crônicas e que tenham alterações no sistema imunológico devem procurar o Crie (Centro de
Referência para Imunobiológicos
Especiais), cujos endereços estão
no www.funasa.gov.br/imu/
cries.htm.
(MARIANA VIVEIROS)
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