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Problemas no SUS levam o Brasil a internar demais
DA REPORTAGEM LOCAL
Pneumologistas e até o governo federal concordam: o
sistema de saúde brasileiro
interna casos de pneumonia
em demasia e, muitas vezes,
sem necessidade. Em 2002,
cerca de 40% do total de pacientes (794,2 mil de 2 milhões) acabaram internados.
A porcentagem deveria variar, no entanto, de 20% a
25%, de acordo com estatísticas internacionais.
As razões para a "superinternação" divergem. Enquanto os médicos e a SBPT
defendem que há uma distorção em consequência das
condições socioeconômicas
dos pacientes, a Funasa diz
que o problema pode resultar de falha no atendimento.
Segundo a primeira versão, os médicos muitas vezes
internam pacientes que, a rigor, não precisariam ficar no
hospital, mas que, se fossem
para casa, não teriam condições financeiras de comprar
os remédios e se cuidar.
"O tratamento de uma semana com antibióticos comuns bons custa, no mínimo, R$ 50. Com os de última
geração, o valor chega a R$
120 por caixa do remédio",
diz Carlos Alberto de Castro
Pereira, presidente da SBPT.
Esse problema seria facilmente minimizado, diz ele,
se o SUS incluísse antibióticos mais eficientes em sua
cesta de medicamentos. Por
mais eficientes, entenda-se
remédios de amplo espectro,
ou seja, que atacam uma
maior variedade de agentes
causadores, e que possam
ser tomados o mínimo possível de vezes por dia (o que
evita falhas no tratamento).
A tese é refutada por
Eduardo Hage Carmo, da
Funasa. Segundo ele, os remédios fornecidos pelo governo são periodicamente
revisados e atualizados.
O desafio, diz ele, é melhorar o primeiro atendimento
do paciente, nas unidades
básicas de saúde, para que o
tratamento comece cedo e
evite uma piora no quadro
que leve a uma internação.
O diagnóstico da doença é
relativamente simples, afirmam os médicos, mas esbarra em obstáculos como a dificuldade de analisar corretamente uma radiografia e a
insegurança na hora de receitar o antibiótico certo.
Seja qual for a causa, o custo das internações por pneumonia não é desprezível: R$
273,5 milhões em 2002, o
maior gasto dentre todas as
doenças respiratórias.
Elas, entretanto, vêm diminuindo -o que é visto
por todos como um bom sinal. Segundo o Ministério da
Saúde, entre 1999 e 2002, o
total de pessoas internadas
caiu 18%, de 969,7 mil para
794,2 mil. Já as mortes estão
estáveis. Entre 1997 e 2000
(último dado disponível), as
vítimas fatais passaram de
29,9 mil para 29,3 mil (2%
menos).
(MV)
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