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AMBIENTE
Em temporada de seca e de balões, o maior parque urbano do mundo, no Rio de Janeiro, fica vulnerável ao fogo
Parque da Pedra Branca perde grupo contra incêndio
SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO
Às vésperas do início da temporada dos balões e do período mais
seco do ano, o IEF (Instituto Estadual de Florestas), órgão vinculado à Secretaria Estadual do Meio
Ambiente, retirou do Parque Estadual da Pedra Branca, no Rio,
seu grupamento de prevenção e
combate a incêndios.
O Pedra Branca, que completa
30 anos no final deste mês, tem
12,5 mil hectares. É o maior parque florestal urbano do mundo.
Fica na zona oeste do Rio e tem
como destaques a vegetação exuberante e a maior montanha do
município, o pico da Pedra Branca, com 1.024 m de altitude.
O parque é área de risco para incêndios. Só de junho a outubro do
ano passado foram 73 as incidências registradas pelo Corpo de
Bombeiros. No mesmo período
de 2002, houve 45 incêndios.
O crescimento do número de
incêndios na reserva não impediu
a transferência do Nupif (Núcleo
de Prevenção de Incêndios Florestais), que funcionava no parque, para o Parque Estadual do
Grajaú (zona norte), há dois meses. Trabalhavam no núcleo um
major e três sargentos cedidos ao
IEF pelo Corpo de Bombeiros.
Eles realizavam trabalhos de
prevenção e conscientização,
orientando moradores da área.
Os pastos e plantações de banana avançam sobre a floresta. Já há
30 favelas e cinco condomínios de
luxo que entraram no parque
porque não há fiscalização.
Os caçadores circulam sem problemas. Entram por trilhas acessíveis a qualquer um, pois não há
cercas e guaritas nos limites do
parque, onde eles encontram aves
raras, como o tucano-de-bico-preto e o papagainho, e mamíferos em extinção no município.
A partir deste mês e até o fim de
agosto, o parque estará ameaçado
pelos balões. O hábito de soltar
balões é arraigado nas imediações
do Pedra Branca.
O quadro se agrava porque os
meses do inverno e da primavera
costumam ser os mais secos do
ano. Essa característica climática
propicia os incêndios florestais.
No caso do Pedra Branca, há ainda mais dois fatores de risco: as
queimadas na mata para a instalação de lavouras e pastos e o costume local de atear fogo ao lixo.
Flagrado pela Folha a cerca de
300 m de altitude, na encosta onde derrubou a vegetação para
plantar aipim e banana, o lavrador Celino Francisco do Carmo,
63, disse que há pelo menos três
anos não vê fiscal no parque.
Para ele, não é errado arrancar
árvores para plantar. Com a venda dos produtos que cultiva, diz
que criou quatro filhos, já adultos.
Segundo Carmo, o terreno que
explora, de cinco hectares, foi arrendado de um vizinho.
Na área de Jacarepaguá, Grumari e Guaratiba (bairros na zona
oeste), florestas entre os 100 m e
os 500 m de altitude estão virando
bananais e pastos. No vale do Calharis, a cerca de 2 km da administração do parque, três moradores
transformaram o mato em pasto.
Outro lado
A diretora do Pedra Branca,
Neila Cortes, disse que é temporária a transferência do grupamento
de incêndio para o Parque Estadual do Grajaú.
De acordo com ela, a transferência foi a forma encontrada pelo IEF para ocupar a sede do Grajaú, que havia sido devolvida ao
Estado pela prefeitura.
O Parque Estadual do Grajaú
tem uma área de 55 hectares. O da
Pedra Branca é 226 vezes maior.
A diretora reconhece que falta
pessoal na administração do Pedra Branca. Para Cortes, deveria
haver no parque um mínimo de
dez guardas. Hoje, são cinco.
O aumento do efetivo do parque está sendo analisado pelo IEF,
a partir de proposta que prevê a
contratação de seis técnicos.
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