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Fumante, analista sofre infarto na véspera de seu aniversário de 33 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
"Eu fumava um maço e meio
de cigarro por dia, bebia, adorava comida gordurosa, não fazia exercícios físicos, era estressado. Tinha tudo para ter
um infarto, menos idade."
O relato do analista de sistema Raphael Mollo Neto tem
um tom quase de saudade.
Ainda se recuperando do infarto que sofreu no mês passado, na véspera de completar 33
anos, ele não nega que está
sendo difícil se adaptar a uma
vida sem cigarro e longe das
baladas.
"Fisicamente estou melhor,
mas psicologicamente está difícil. A sensação é que perdi
minha liberdade. É uma despedida sem volta", diz. Desde o
infarto, ele emagreceu seis
quilos.
"Presente"
No dia 3 de junho, enquanto
trabalhava, Mollo Neto sentiu
uma forte dor no peito que irradiava para o braço. Foi ao
ambulatório da empresa e, de
lá, encaminhado a um hospital. "Disseram que era estresse
e me dispensaram."
No dia seguinte, seu aniversário, a dor continuava e ele foi
levado ao Hospital do Coração,
onde um cateterismo apontou
o infarto. "Ganhei de presente
uma angioplastia [procedimento que abre as artérias bloqueadas] e um stent [pequena
"rede" que impede a artéria de
se obstruir novamente]. Não
acreditava que aquilo estava
acontecendo comigo. Eu, aos
33 anos, infartado?"
Mollo Neto conta que, entre
os amigos, o susto foi geral.
"Mas eles não tiveram que mudar muito porque já tinham
um estilo de vida mais saudável do que o meu", afirma ele,
que começou a fumar aos 15
anos.
O caso do analista exemplifica bem algumas características do infarto em jovens. Uma
delas são as seqüelas psicológicas que sobram do episódio,
explica o médico Marcelo Ferraz Sampaio, do Dante Pazzanese.
"É um baque muito grande.
Imagina um jovem que adora
baladas e de repente se vê com
cateterismo, internado na
UTI, tomando remédios e fazendo uma série de exames.
Depois disso, ele passa a ter
medo de sair, qualquer dor no
peito vai ao médico."
A outra constatação, relata
Sampaio, é que o infarto pode
passar despercebido pelas
equipes médicas de hospitais
não-especializados, que não
imaginam ver um jovem infartando.
(CC)
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