|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Uso de cocaína e ecstasy estão entre as principais causas de infartos de jovens
DA REPORTAGEM LOCAL
A cocaína é a principal droga
ligada aos infartos em jovens,
embora o ecstasy já comece
também a ser apontado como
indutor desse episódio, segundo os cardiologistas.
O médico Marcelo Knobel
explica que, além de espasmo, a
cocaína pode causar trombose
(o sangue coagula e fecha a artéria) ou lesar a parte interna
da artéria, causando inflamação e aterosclerose.
"Toda vez que chega um paciente jovem infartado, é obrigatório excluir exaustivamente
o diagnóstico de cocaína."
Isso é importante porque há
medicações usadas no infarto,
como os beta-bloqueadores,
que são contra-indicadas aos
usuários de cocaína. Elas podem piorar o quadro de espasmo coronário. "É importante
uma conversa franca, sem muita gente do lado, para ele falar a
verdade", diz Knobel.
Há um ano, A.R., 19, sofreu
um infarto após passar 14 horas
em uma rave, onde havia cheirado cocaína e bebido muito.
"Estava com uma vida absolutamente desregrada. Mais faltava do que ia à faculdade, bebia, fumava e cheirava. O coração não agüentou", diz ele, garantindo que, desde o infarto,
está "limpo". "Quase santo."
Embora ainda menos freqüentes, o ecstasy e outras drogas à base de anfetaminas também podem causar infartos em
jovens, segundo um estudo realizado pela Universidade do Texas (EUA). O trabalho avaliou
prontuários de 3 milhões de
pessoas, com idades entre 18 e
44 anos, hospitalizadas no período de 2000 e 2003 nos EUA.
O Brasil é o quarto maior
consumidor de anfetaminas no
mundo. Estima-se que 2 milhões de brasileiros, especialmente os mais jovens, façam
uso da substância, encontrada
principalmente em fórmulas
de remédios para emagrecimento e para tratamento de
distúrbios psicológicos.
À Folha o médico Arthur
Westover, autor principal do
estudo, disse que as anfetaminas aumentam a pressão sangüínea dos usuários, além de
causar inflamações e espasmos
arteriais que limitam a quantidade de sangue que chega ao
músculo cardíaco. Ele não recomenda o uso de medicação
beta-bloqueadora nesses casos.
O cardiologista Nabil Gorayeb, do HCor, diz que atendeu
recentemente a um jovem de
16 anos que sofreu um infarto
após o consumo de ecstasy.
"Quando a gente vê que é jovem e não tem motivo para ter
infarto, temos de usar estratégias, falar que será usado medicamento, que, em interação
com drogas, podem complicar
a situação."
(CC)
Texto Anterior: Fumante, analista sofre infarto na véspera de seu aniversário de 33 anos Próximo Texto: Saúde / Comportamento: Cuidar de animal faz bem, mas pode causar dependência Índice
|