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ENTREVISTA
Diagnóstico precoce pode curar 90% dos casos de glaucoma congênito
DA REPORTAGEM LOCAL
O diagnóstico precoce e o tratamento do glaucoma congênito
podem curar 90% dos bebês que
nascem com esse problema. Sem
uma intervenção rápida, essas
crianças tendem a ficar cegas ainda no primeiro ano de vida.
O alerta é do oftalmologista
Paulo Augusto de Arruda Melo,
presidente científico da Abrag
(Associação Brasileira dos Portadores de Glaucoma) e professor
da Unifesp (Universidade Federal
de São Paulo).
O glaucoma congênito, que
atinge 19 mil brasileiros, ocorre
pelo aumento da pressão intra-ocular do bebê ainda durante a
gestação. A seguir, alguns trechos
da entrevista dada à Folha.
Folha - Como a criança é afetada
pelo glaucoma?
Paulo Augusto de Arruda Melo -
O glaucoma é uma malformação
com que a criança nasce. Todos
nós temos um líquido que é produzido e drenado e, no seu caminho, alimenta várias estruturas
intra-oculares e vai para o ralo.
Esse ralo das crianças nasce com
uma malformação, geralmente
um tecido que o encobre, ou seja,
o ralo fica entupido. A criança
tem uma produção do líquido,
chamado humor aquoso, mas a
drenagem é insuficiente, o que
causa um aumento da pressão
ocular. Existem vários níveis de
glaucoma, alguns dos quais extremamente avançados, em que a
criança nasce com a córnea esbranquiçada.
A grande preocupação é que, se
a criança não for tratada precocemente, ficará cega pela vida toda.
É uma coisa que pode ser evitada.
Quando o quadro clínico é riquíssimo [casos avançados", o socorro é procurado rapidamente,
mas, infelizmente, esses casos têm
um mau prognóstico cirúrgico.
Todo glaucoma congênito é cirúrgico. Nós queremos fazer o
diagnóstico precoce nos bons casos, em que a criança é facilmente
reabilitada.
Folha - Para quais sinais os pediatras e os pais devem ficar atentos?
Melo - Crianças que nascem
com os olhos embaçados ou muito grandes, que têm fotofobia intensa, que evitam abrir os olhos
no sol ou não gostam de claridade
e cujos olhos lacrimejam muito
precisam ser avaliadas por um oftalmologista. Cerca de 50% dos
casos de glaucoma congênitos
tendem a ser percebidos primeiramente pelos pais da criança.
Quanto mais precoce o tratamento, mais perto essa criança estará
da visão normal.
Muitos pais acham bonitinhos
os olhos grandes dos filhos, no
entanto, esses olhos grandes podem ser o começo do glaucoma
congênito.
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