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Salário está entre os mais baixos
DA SUCURSAL DO RIO
A pesquisa da Unesco que traz
dados sobre o perfil do professor
em diversos países foi divulgada
na semana passada, em Paris, por
ocasião do Dia Internacional do
Professor, comemorado em 5 de
outubro. No Brasil, o Dia do Professor é em 15 de outubro.
A pesquisa ainda mostra que o
salário médio do professor brasileiro em início de carreira é um
dos piores do mundo. Ele é terceiro mais baixo entre 38 países desenvolvidos e em desenvolvimento onde foi possível comparar esse
indicador.
No Brasil, o salário médio em 98
era de US$ 4.818 anuais, valor superior ao pago na Indonésia (US$
1.624) e no Peru (US$ 4.752). Nossos professores recebem, em média, menos da metade do que os
docentes no Uruguai (US$ 9.842)
e na Argentina (US$ 9.857).
Na Suíça, país onde é pago o
maior salário, o valor médio, no
início da carreira, é de US$ 33.209.
O estudo destaca a piora nas
condições de trabalho. A relação
alunos/professor, por exemplo, é
um problema crescente.
Em alguns países mais pobres
analisados, essa relação chega a 70
alunos por professor. É o caso de
Moçambique, Congo e Senegal.
Na comparação do Brasil com
os países desenvolvidos ou em desenvolvimento, o que deixa de fora as nações mais pobres da África
e Ásia, a situação também é preocupante.
A relação de alunos por professor da 1ª à 6ª série no Brasil é de
28,9, a segunda maior entre 43
países. No ensino médio, o país
tem a maior relação entre 33 nações, com média de 38,6 alunos
por professor.
Perfil jovem
Além de essencialmente feminino, a pesquisa mostra que nosso magistério é também muito jovem. Mais de um terço (35%) dos
professores da 1ª à 6ª série tem
menos de 30 anos. A maioria
(71,1%) tem menos de 40 anos. Só
a Indonésia tem perfil mais jovem, entre 29 nações onde foi
possível calcular o indicador.
O dado é preocupante: professores mais jovens são, normalmente, menos experientes, o que
pode prejudicar a qualidade da
aula. Porém, o perfil da população
brasileira é mais jovem se comparado com o de países europeus, o
que ajuda a explicar o resultado.
Para Guiomar Namo de Mello,
do Conselho Nacional de Educação, a pouca experiência poderia
ser menos prejudicial se os professores passassem por um processo semelhante à prática da "residência" em carreiras médicas.
Ela defende um modelo que
permita ao professor voltar a
complementar sua formação para, depois, assumir estágios mais
avançados da carreira.
Para João Batista Oliveira, consultor em educação, o perfil jovem do professor brasileiro "tem
a ver com o sistema de aposentadoria do Brasil, onde os professores se aposentam mais cedo".
Pelos dados da pesquisa, só
6,4% dos professores brasileiros
têm mais de 50 anos. É a segunda
menor média, atrás só da Indonésia. Ele defende o estágio probatório como forma de garantir que o
professor esteja mais bem preparado quando assumir sua função.
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