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Brasileiros envelhecem em ritmo acelerado
DA REPORTAGEM LOCAL
O processo de envelhecimento
da população brasileira, em função da queda das taxas de fecundidade e de mortalidade, acontece
em ritmo mais acelerado do que o
observado na Europa do século 19
até agora.
No âmbito familiar, o processo
fica evidenciado na longevidade
de avós e bisavós.
"Com o aumento do número de
idosos na sociedade, vai ser comum a coexistência de várias gerações de uma mesma família",
explica Juarez de Castro Oliveira,
demógrafo do IBGE.
Segundo ele, um exemplo dessa
tendência é o Japão, onde a expectativa de vida hoje é de 81,5 anos.
De acordo com as estimativas
do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), 22% da
população do país será formada
por idosos em 2050. Isso deverá
representar 52,228 milhões de
pessoas.
A expectativa de vida nesse futuro deverá ser de 78 anos para as
mulheres e 69 para os homens
(hoje é de 73 anos para as mulheres e 65 para os homens).
Embora hoje representem 8,6%
dos brasileiros (o equivalente a
14,535 milhões de pessoas), boa
parte das pessoas acima de 60
anos ainda busca espaço, dentro e
fora de casa.
Para Suzana Medeiros, professora emérita da PUC e coordenadora de pós-graduação em gerontologia (ciência que estuda o envelhecimento), não há lugar definido na sociedade para essa parcela da população.
"A pessoa é cidadã do começo
ao final da vida. Há uma luta muito grande e os próprios velhos vão
buscar seu espaço", diz Suzana.
"Dentro da família, o idoso pode ter o papel da sabedoria, da experiência. Se for uma pessoa reflexiva, pode ser um bom apoio para
os mais jovens. Além da própria
contribuição econômica que os
mais velhos podem dar", avalia a
professora.
Chefes de família
Um estudo publicado há um
mês pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) comprova a força econômica do idoso
dentro da família, especialmente
das mulheres.
"Envelhecimento, Condições de
Vida e Política Previdenciária.
Como Ficam as Mulheres?" mostra que as mulheres com mais de
60 anos têm renda superior a dos
homens na mesma faixa etária.
"Quando chegam aos 60, as mulheres passam a ter uma condição
de vida melhor do que a dos homens. A idosa é menos pobre,
porque geralmente recebe mais
benefícios sociais, pensões e aposentadoria", explica Ana Amélia
Camarano, uma das autoras do
trabalho.
Responsáveis por 30% dos domicílios chefiados por mulheres,
ou seja, 3,4 milhões de casas, elas
recebem cada vez mais os filhos
adultos.
Em 1981, eram 25,8% adultos
residindo com as mães; em 1997,
o número passou para 27,7%.
"Essas mulheres estão assumindo outros papéis. Os filhos estão
demorando a sair de casa e, às vezes, voltam com os netos", diz
Ana Amélia.
O estudo constatou ainda uma
elevação no número de crianças
em residências chefiadas por mulheres idosas.
Em 1981, 3,8% das pessoas que
residiam com essas mulheres
eram menores de 14 anos. Em
1997, a proporção passou para
4,3%.
Outra observação da pesquisa é
que os netos, entre sete e 14 anos,
que moram com as avós frequentam mais a escola do que as crianças que vivem com os pais.
Esse fenômeno é observado
principalmente nas áreas rurais.
Frequentam a escola 75,7% das
crianças que moram com avós. A
taxa dos que residem com os pais
é de 67,1%.
"Por possuírem renda maior,
essas mulheres não necessitam da
mão-de-obra das crianças e incentivam os netos a estudarem",
diz Ana Amélia.
(TN)
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