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ENTREVISTA
OMS quer criar fórum para combater câncer
FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A OMS (Organização Mundial
de Saúde) quer que governos de
países em desenvolvimento, indústrias e entidades médicas implantem um fórum para troca de
experiências em políticas de prevenção e combate ao câncer.
O órgão também espera a consolidação de uma aliança por
acesso igualitário aos remédios e
tratamentos contra a doença.
Jacob Kligerman, 61, diretor-geral do Inca (Instituto Nacional do
Câncer), representou o governo
brasileiro em encontro que debateu o fórum durante o Congresso
Mundial de Câncer em Oslo (Noruega), na segunda quinzena de
junho deste ano.
Folha - Como foi o primeiro encontro?
Jacob Kligerman - O primeiro
encontro foi uma reunião com
Gro Brundtland, diretora-geral da
OMS, representantes da União
Internacional Contra o Câncer,
entidades médicas, de pesquisa e
da indústria farmacêutica, entre
outros.
A OMS fez um apelo para que a
gente se organize.
Folha - Que papel o Brasil deve
ter nesse fórum?
Kligerman - Nesse encontro foi
lançada a segunda edição de um
livro sobre políticas nacionais
contra o câncer. Vários tópicos
são baseados nos programas realizados no país.
Nossa política de controle do
câncer é parâmetro para a execução em países em desenvolvimento. Hoje só cinco países nas Américas têm um programa nacional
de câncer: Brasil, Canadá, Chile,
Colômbia e Estados Unidos.
Folha - O que justifica a ação conjunta?
Kligerman - O câncer é a segunda causa de morte por doença no
mundo. Calcula-se que em dez
anos 20 milhões poderão morrer
por causa da doença.
Folha - Quais são os obstáculos e
as soluções?
Kligerman - O grande obstáculo
hoje no Brasil e em outros países
em desenvolvimento é a dificuldade de acesso ao tratamento.
Nesses países você tem concentração de tecnologia, mas também pressões por incorporação
de drogas e equipamentos, mesmo sem a comprovação de sua
efetividade. Países em desenvolvimento têm de evitar isso, pois só
só dificulta o acesso.
A solução é disponibilizar no
Brasil e nos outros países áreas de
tratamento de câncer em hospitais gerais.
Folha - A pressão para melhora
do acesso aos tratamentos em países pobres é semelhante a luta por
acesso às drogas contra a Aids?
Kligerman - Do ponto de vista de
tratamento, a complexidade do
Câncer é maior. Mais armas terapêuticas são necessárias.
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