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RICARDO GUILHERME DICKE (1936-2008)
O garimpeiro literário do Mato Grosso
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O reconhecimento à literatura de Ricardo Guilherme
Dicke oscilava entre o tudo e
o nada. Era o maior escritor
brasileiro vivo ao lado de Machado de Assis para gente como Hilda Hilst; mas era desconhecido do público, dizia,
porque as editoras estavam
longe. Elas em São Paulo, ele
eternamente em Cuiabá, esperando o dia em que publicaria os livros em todo o país.
"Autor descoberto por
Guimarães Rosa" era um rótulo que carregava, fazer o
quê -no prêmio literário em
que seu romance "Deus de
Caim" ganhou o quarto lugar, o júri tinha o autor de
"Grande Sertão: Veredas".
Criado em colégio de padre e filósofo de formação,
dizia ter virado ateu lendo
Sartre. "Guimarães Rosa é
que acabou com todo o meu
ateísmo." Nascido em Chapada dos Guimarães (MT),
em uma família de garimpeiros, era daqueles "literatos
que dedicam suas vidas à
busca garimpagem -da
identidade de seu povo", disse o reitor da UFMT, ao conferir-lhe o título de doutor
honoris causa, um dos muitos prêmios, moções e elogios que recebeu.
Mas o público no resto do
pais, esse não o conhecia,
mal encontrava sua obra. A
cada elogio de peso, vinham
matérias nos jornais, entrevistas -mas então o esquecimento. Lançara um livro em
2006 e aguardava o relançamento dos outros, por uma
grande editora. Casado, tinha uma filha e dois netos.
Morreu quarta, de uma parada cardiorespiratória, aos 68.
obituario@folhasp.com.br
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