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Plano climático de SP quer reduzir emissão de gases em 30%
Projeto prevê que diminuição de gases causadores do efeito estufa ocorra até 2012; Greenpeace elogiou a medida
Documento produzido em 2005 mostra que a capital paulista emite 15 milhões de tonelada de carbono por ano
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
A Política Municipal de Mudança do Clima da cidade de
São Paulo, enviada pelo prefeito Gilberto Kassab à Camara
Municipal, prevê a "ousada"
medida de reduzir a emissão de
gases de efeito estufa da capital
em 30% até 2012.
A linha de base, no caso, é o
inventário de emissões feito
em 2005. O documento mostrou que a cidade emite 15,7 milhões de toneladas de carbono.
Boa parte disso é fruto do uso
de combustível fóssil pelo setor
de transporte. O tratamento do
lixo, que emite metano, também é um protagonista importante das emissões paulistanas.
"Podemos dizer que é uma
medida ousada [o estabelecimento de metas], mas totalmente factível", disse à Folha o
secretário de Verde e Meio
Ambiente da cidade Eduardo
Jorge. A posição municipal é
oposta a do governo federal.
Nos fóruns internacionais de
mudanças climáticas, o Brasil
tem evitado assumir metas nacionais de redução de emissões
de gases de efeito estufa.
"Defendemos as metas desde
2005. Essa posição brasileira
está errada. Acaba servindo de
álibi para a posição dos Estados
Unidos e da China [países que
também não aceitam metas]",
disse o secretário.
Para o ONG Greenpeace, a
decisão de estabelecer metas
de redução das emissões de gases de efeito estufa para São
Paulo é totalmente acertada.
"Isso mostra que isso pode
ser feito em outro lugares e
também em nível nacional",
afirma Marcelo Furtado, diretor-executivo da instituição no
Brasil. A construção do projeto
de lei, segundo ele, também
tem outros pontos positivos.
"O processo de elaboração
dessa lei foi positivo", disse
Furtado. Segundo o ambientalista, as principais sugestões
enviadas pela ONG para o governo foram adicionadas ao
texto.
Começar um processo como
esse em uma cidade do tamanho de São Paulo, que tem um
padrão de emissão muito parecido com os países europeus [a
partir da queima de combustível fóssil] nem seria o mais indicado, segundo Furtado. "Talvez, fosse melhor ter começado
por uma cidade menor, mas isso, agora, acaba servindo de
exemplo", disse. "É importante
que o tema das mudanças climáticas cheguem às cidades".
De acordo com Eduardo Jorge, o item mais importante da
lei é o artigo número 50, que
prevê a redução gradual do uso
de combustíveis fósseis nos novos contratos municipais de
transporte público.
Para o Greenpeace, interferir
no uso de combustível fóssil
em uma cidade como São Paulo
acaba gerando um ganho duplo. "É bom para o ambiente e
bom também para a saúde da
população da cidade".
Estudos feitos pela Universidade de São Paulo, pela equipe
do professor Paulo Saldiva,
mostram que viver na cidade
de São Paulo, e respirar o ar
que se tem aqui todos os dias,
acaba diminuindo a expectativa de vida dos moradores da capital, em média, em dois anos.
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