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Aposentada não consegue fazer registro de ameaça que aflige neto de 11 anos
DA REPORTAGEM LOCAL
No 25º DP (Parelheiros), a
delegacia mais ao sul da capital,
que aderiu à greve, a Folha presenciou o momento em que
uma mulher de 61 anos foi impedida de registrar um boletim
de ocorrência de ameaça contra o seu neto.
"Os policiais me disseram
que aqui está em greve. Falaram para voltar amanhã [hoje].
Mas estão ameaçando meu neto, que só tem 11 anos. É uma
gangue da escola onde ele estuda", contou a aposentada Catarina Borges.
Já no parque Savoy City, na
zona leste, os ânimos devem
continuar exaltados entre o
serralheiro Francisco de Assis
Dias de Figueiredo, 42, e sua vizinha de rua. Ao menos no que
depender da Polícia Civil.
Ele não conseguiu registrar
queixa de calúnia e difamação
ontem porque o distrito mais
próximo de sua casa, o 66º DP
(Vale do Aricanduva), também
paralisou o atendimento a crimes de menor potencial ofensivo, como roubos, furtos, calúnias e ameaças.
Figueiredo conta que a relação com a vizinha (cujo nome
ele não revelou) mantinha-se
cordial até anteontem. No entanto, durante uma conversa
na loja da mulher, ela disparou
a ofensa, diz ele. ""O senhor é
um homem safado", me disse
na cara." Como a vizinha não
lhe pediu desculpas, conta, ele
foi ontem de manhã à delegacia, mas não conseguiu registrar a queixa.
À tarde, a reportagem acompanhou uma nova tentativa de
Figueiredo de fazer o boletim
de ocorrência. Não conseguiu.
"Estamos seguindo uma operação padrão. O senhor anote o
nome das testemunhas e espere o desenrolar da greve", disse-lhe o investigador Misael
Gama, que aproveitou a presença da reportagem para reclamar sobre falta de reajuste
salarial e plano de carreira.
Além do serralheiro Figueiredo, outras três pessoas voltaram para casa sem conseguir
atendimento no 66º DP, até as
17h de ontem.
(KLEBER TOMAZ e JULIANA COISSI)
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