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Filha de ex-líder estudantil, delegada é impedida de protestar no ABC paulista
ANDRÉ CARAMANTE
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dos incidentes mais graves registrados ontem por conta do protesto dos policiais civis
aconteceu no 1º Distrito Policial de Diadema (ABC) e envolveu a delegada plantonista Barbara Travassos e um de seus
chefes, o delegado seccional da
cidade, Ivaney Cayres de Souza.
Com salário mensal de R$
2.685, a delegada é conhecida
na polícia por ser filha de Luís
Gonzaga Travassos da Rosa,
um dos mais importantes líderes estudantis que presidiram a
UNE (União Nacional dos Estudantes) nos anos 60, ainda na
ditadura militar.
Souza ficou irritado, segundo
colegas da policial, porque descobriu que ela é filha de Travassos e havia aderido ao protesto.
A delegada usava adesivos da
mobilização dos policiais colados em sua roupa enquanto estava no 1º DP de Diadema, onde
era a plantonista responsável.
Procurada pela reportagem, a
policial não falou.
Souza ordenou que ela retirasse os adesivos da roupa e,
diante da recusa dela, ele ameaçou "recolhê-la" -ou seja,
mandá-la para a Corregedoria
Geral da Polícia Civil. Depois
de um bate-boca com Souza, a
delegada voltou a trabalhar
normalmente, sem os adesivos.
A Adpesp (Associação dos
Delegados de Polícia do Estado
de SP) entrará com representação no conselho de ética da Polícia Civil contra Souza por
"constrangimento ilegal".
O delegado Souza foi procurado, mas não atendeu ao pedido de entrevista, assim como o
chefe da Polícia Civil, delegado
Maurício José Lemos Freire.
Ontem, a Corregedoria da
Polícia Civil percorreu delegacias na capital e no Estado para
elaborar uma lista com os nomes dos policiais que aderiram
aos protestos.
No acordo firmado à tarde no
TRT e que suspendeu a greve
por uma semana, ficou acertado que o governo "não tomará
nenhuma atitude de retaliação" em relação à paralisação
de ontem.
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