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FELISBERTO DUARTE (1937-2008)
O triste fim do feliz homem do tempo
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
O último a sair apagou as
luzes da Redação e encostou
a porta. O abatimento de Felisberto Duarte pela tristeza
começou no dia seguinte,
quando ele chegou desavisado ao programa e viu, desolado, o cenário de fim de festa.
Felisberto, o Feliz, caiu em
depressão. Dispensado do
trabalho na TV, só fazia chorar e dormir, lembra a mulher -que ele conheceu em
1968, no boliche, e que seria
sua companheira nos últimos 40 anos. Recusava-se
até mesmo a comer.
Homem do tempo nas
duas versões do jornalístico
"Aqui Agora", exibido pelo
SBT, Feliz dizia sentir que as
portas haviam se fechado para ele desde o fim do primeiro programa, em 1997.
Natural de São Paulo, começou no teatro amador. Foi
cenógrafo do Teatro Municipal, produziu programas na
finada TV Tupi, trabalhou
em humorísticos da TVS do
Rio e atuou em dois filmes.
Acabou prevendo chuvas e
trovoadas apertado num terno, a gravata-borboleta presa
ao pescoço. Tinha a fala rápida, engolia as vírgulas, intercalava gracejos entre as máximas e as mínimas das capitais e sempre saía de cena de
forma inesperada. "E piriri,
pororó." Era seu bordão.
Nos últimos 12 anos, não
teve emprego fixo. Vivia da
parca aposentadoria em
Praia Grande (SP), "onde o
custo de vida era mais barato". Internado, foi diagnosticado um câncer no intestino.
Feliz morreu triste, no domingo, aos 70 anos. Deixa
dois filhos e cinco netos.
obituario@folhasp.com.br
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