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Para Câmara, uso de militares em morro do Rio foi eleitoreiro
Segundo relatório, Providência foi escolhida para projeto Cimento Social por ser área central e de maior visibilidade
O deputado Carlos Biscaia (PT-RJ) entregou ontem o documento ao presidente da comissão, deputado Raul Jungmann (PPS-PE)
RENATA GIRALDI
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA
Cerca de dois meses depois
da morte de três jovens no morro da Providência (no centro do
Rio), com suspeita de envolvimento de militares do Exército,
a Comissão de Segurança da
Câmara analisa o relatório sobre o caso.
O documento conclui que
houve uso indevido das Forças
Armadas no local e objetivo
eleitoreiro na realização de
obras na favela. A reportagem
teve acesso ao relatório elaborado pelo deputado Antônio
Carlos Biscaia (PT-RJ).
Biscaia entregou o documento nesta quarta-feira ao presidente da comissão, deputado
Raul Jungmann (PPS-PE).
No relatório, que possui 26
páginas, o deputado petista
afirma que a emenda parlamentar sobre o projeto denominado Cimento Social do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) -candidato a prefeito na
cidade do Rio- teve objetivo
eleitoreiro.
Para parlamentares da bancada fluminense, o local foi estrategicamente escolhido porque imagens feitas naquela região podem ter repercussão
maior do que em outras localidades da cidade.
O petista anexou ao relatório
uma série de panfletos e material de campanha emitidos supostamente por funcionários
de Crivella para informar aos
moradores que as obras realizadas no morro da Providência
surgiram a partir de uma proposta do senador.
No relatório, Biscaia usou a
expressão "ilegitimidade" para
se referir aos repasses financeiros para as obras no morro da
Providência. Também levanta
dúvidas sobre utilização em
"segurança pública" dos militares do Exército no local.
A reportagem tentou entrar
em contato com a assessoria de
Crivella, mas não conseguiu falar com seus assessores.
Crime
No dia 14 de junho, Wellington Gonzaga Ferreira, 19, David
Wilson da Silva, 24, e Marcos
Paulo Campos, 17, foram detidos por 11 militares no alto do
morro da Providência por desacato. Em seguida, os jovens foram entregues a traficantes do
morro da Mineira (centro do
Rio), ligados à facção criminosa
ADA (Amigos dos Amigos), rival do CV (Comando Vermelho), que controla o tráfico na
comunidade da Providência.
Os militares levaram os jovens para o quartel do Exército
próximo à Providência, mas o
capitão Leandro Ferrari, que
comandava o quartel no momento, ordenou que os rapazes
fossem liberados.
No entanto, o tenente Ghidetti desobedeceu a ordem e,
com outros dez militares, entregou os jovens aos traficantes
da Mineira. Horas depois os
corpos dos três jovens foram
encontrados em um lixão na
Baixada Fluminense. Os 11 militares foram presos no dia seguinte e, segundo a polícia, confessaram o crime.
Crise
O caso provocou uma crise
sobre a presença do Exército na
comunidade. A Justiça Federal
determinou a retirada dos militares do morro. O governo federal recorreu e conseguiu que
a Justiça mantivesse as tropas,
mas somente na rua onde as
obras são feitas.
Porém, em meio ao mal-estar, o ministro Nelson Jobim
(Defesa) foi ao Rio e pediu desculpas, em nome do governo, às
famílias dos mortos. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
também se manifestou, lamentando o episódio.
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