|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NATAL
Enfeites de lixo estão em shopping, banco e até metrô
Decoração com material reciclado une preocupação social à ambiental
MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Folhas, flores, estrelas, guirlandas e até nuvens de garrafas plásticas; alegorias de jornais; sinos de
papelão; bolas que já foram lâmpadas. Em tempos de taxa do lixo
e retomada da coleta seletiva, até a
tradicional oficina de Papai Noel
aderiu à onda de reciclagem.
Seguindo o caminho do Conjunto Nacional (primeiro shopping de São Paulo), outras instituições da capital paulista aderiram à decoração de Natal reciclada, que, além de ser, em geral,
mais barata, reúne preocupação
ambiental e inclusão social num
mesmo pacote, bem ao gosto do
espírito das festas de fim de ano.
"O desafio é mostrar que é possível fazer coisas bonitas, desenvolver técnicas de forma que,
quando a decoração está montada, você não diz do que ela foi feita", afirma Vilma Peramezza, síndica do Conjunto Nacional.
O prédio fez os primeiros enfeites com recicláveis em 2000, usa
parte do que recolhe na coleta seletiva interna como matéria-prima e, neste ano, tem como vedete
nuvens e mantos de fios de pet
trançados em teares tradicionais.
O maior retorno para o investimento de R$ 50 mil -o aluguel
de uma decoração tradicional não
sairia por menos de R$ 800 mil-
é ver a transformação dos materiais e das pessoas, diz a síndica.
Para confeccionar os adereços
imaginados pelo cenógrafo Silvio
Galvão, foram contratados, por
R$ 250 mensais, albergados do
Reciclázaro, projeto que busca
resgatar moradores de rua por
meio de atividades de reciclagem.
"É emocionante ver catadores virarem artistas", conta Peramezza.
O banco Real aposta pela primeira vez no aproveitamento em
enfeites de materiais que iriam
ocupar espaço nos aterros sanitários ou até entupir bocas-de-lobo
e assorear córregos. Também faz
trabalho de conscientização. Em
cinco ambientes temáticos, uma
família Noel dá o bom exemplo e
mostra que é possível reciclar papel e reutilizar metais, plásticos,
vidros e madeira em casa.
"Na decoração, 80% do material
é reciclado, e o resto o será depois
que ela for desmontada. A partir
de agora não tem volta, vamos fazer sempre assim", diz Dilson
Motta, superintendente de marketing do Real. Segundo ele, os
enfeites, além de tão bonitos
quanto os convencionais, têm um
impacto extra quando as pessoas
descobrem do que foram feitos.
Os paulistanos poderão dar sua
opinião. Até amanhã, as cerca de
750 mil pessoas que passam por
dia na estação Sé do metrô podem
eleger, dentre 22 árvores de Natal
feitas com material reciclável, as
mais bonitas.
Todas foram criadas por cooperativas de catadores de lixo e entidades que trabalham com a população de rua que tira seu sustento
da venda desse tipo de produto.
As cinco instituições mais votadas
receberão cestas de Natal.
Para dar um brilho a mais à exposição, o Metrô cedeu aparas
metálicas de sua oficina para que
o artista Mauro Andriole criasse
uma árvore de sucata.
Iniciativas do gênero não ocorrem só em São Paulo. Desde novembro, o Galpão das Artes Recicladas da Comlurb (Companhia
Municipal de Limpeza Urbana do
Rio de Janeiro) expõe 11 árvores
criadas por artistas com madeira
de demolição, garrafas, castiçais e
sucata.
Em Gramado (RS), mais de 200
mil garrafas plásticas coletadas
por estudantes enfeitam as ruas e
praças que servem de cenário para uma das maiores celebrações
natalinas do país, o Natal Luz.
Texto Anterior: Vestibular: Modelo de prova da Unesp está "no limite" Próximo Texto: Verão: Trecho de estrada abandonada no litoral norte vira atração turística Índice
|