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A divisão, que está no Atlas Ambiental do município, leva em conta fatores como uso e ocupação do solo e áreas verdes
São Paulo tem 77 microclimas diferentes
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1554, o planalto de Piratininga, onde Anchieta construiu o
colégio que deu origem a São Paulo, era uma região de temperaturas estáveis, mais fria, onde, além
dos pinheiros (daí o nome do rio
que corta a cidade), predominavam quatro climas que se dividiam, por causa de fatores como
relevo, altitude e circulação dos
ventos, em 26 microclimas.
Passaram-se 450 anos, e os paulistanos hoje vivem num mosaico
de 77 microclimas (restritos a
áreas específicas) que reflete uma
urbanização e ocupação do solo
desigual, desordenada e ambientalmente despreocupada.
A divisão está no Atlas Ambiental do Município de São Paulo, feito pelas secretarias municipais do
Verde e do Meio Ambiente e do
Planejamento, com financiamento da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo). Ela foi além do conceito
tradicional de clima, somando a
ele características sociológicas.
Na atualização do mapa dos climas naturais, foram fundamentais fatores como o tipo dominante de construção (vertical ou horizontal), a presença de bairros-jardins, a predominância de comércio ou indústria, a existência de
importantes vias de tráfego, favelas, grandes parques ou áreas de
proteção ambiental (APAs).
As principais distinções entre os
microclimas dizem respeito à
temperatura e ao conforto térmico (muito calor no verão e muito
frio no inverno). "Mas as pessoas
também podem sentir diferenças
na ventilação, na umidade e na
concentração de poluição", diz
Patricia Marra Sepe, chefe da assessoria técnica da Secretaria do
Verde e do Meio Ambiente.
Grande unidades climáticas
Para efeito de climas urbanos, a
cidade foi dividida em quatro
grandes unidades, mais homogêneas no tipo de ocupação e nos
atributos naturais. No interior delas, ocorrem as subdivisões.
A Unidade Climática Urbana
Central abrange todo o centro expandido, mais distritos que estão
fora do anel formado pelas marginais Tietê e Pinheiros, como Morumbi, Butantã, Pirituba, Tucuruvi, Vila Maria, Vila Guilherme e
Santana. Nela, os principais fatores condicionantes do clima são
as densidades de prédios, carros e
atividades econômicas. É dentro
dela que estão as ilhas de calor.
Na Unidade Climática Urbana
Periférica estão as regiões mais
afastadas do centro, onde se concentram as favelas e os conjuntos
habitacionais populares, nos extremos leste, norte e oeste, além
dos distritos à beira das represas
Billings e Guarapiranga. Quem vive nesses locais enfrenta principalmente o desconforto térmico.
À Unidade Climática do Urbano Fragmentado pertence o extremo sul da cidade (Marsilac e Parelheiros), onde a ocupação é rarefeita e predomina um clima mais
frio e úmido -o mesmo que domina a Unidade Climática Não-Urbana, onde está apenas a APA
Capivari-Monos, também no extremos sul da cidade.
Para chegar ao mapa dos 77 microclimas, o geógrafo José Roberto Tarifa, professor aposentado
da USP, sobrepôs no mapa dos
climas naturais os dados de uso e
ocupação do solo, além de informações sobre qualidade do ar, dados resultantes de medições de
temperatura in loco e imagens de
satélite do calor superficial.
(MARIANA VIVEIROS)
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