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RIO
Vielas do morro da Providência formarão um corredor cultural; projeto também pretende diminuir violência no local
Favela carioca será museu a céu aberto
TALITA FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DO RIO
A Prefeitura do Rio quer transformar o morro da Providência, a
mais antiga favela da cidade, com
106 anos, em um museu a céu
aberto. A intenção é que algumas
vielas do morro, que fica no centro do Rio, formem um corredor
cultural capaz de atrair turistas
com sítios históricos e mirantes
com vista privilegiada da cidade.
A idéia da prefeitura é levar o turismo para dentro da favela, valorizar a cultura e o patrimônio histórico da comunidade, gerar renda para os moradores e diminuir
a violência na região.
A tarefa é difícil. No último dia
27, traficantes mandaram o comércio no pé do morro fechar em
luto pela morte de um assaltante.
A falta de segurança para visitantes pode ruir o projeto do museu,
mas para os organizadores, o turismo reduzirá a violência.
O museu está orçado em R$ 15
milhões, a serem pagos com recursos do Favela-Bairro (programa de reurbanização das favelas
cariocas). A restauração de prédios e a criação de ateliês deverão
ser pagas pela Secretaria Municipal das Culturas, mas o custo dessas obras ainda não foi divulgado.
Batizado como morro da Favela
pelos soldados republicanos que
lutaram na Guerra de Canudos no
fim do século 19, o morro é oficialmente a primeira favela do Rio.
Pesquisadores contam que favela
era tanto o nome de um morro
próximo a Canudos, onde os soldados se instalaram, como o de
uma planta típica do sertão nordestino. É possível que os soldados tenham encontrado no morro plantas parecidas com a favela.
Os soldados construíram barracos onde morariam até que o governo lhes dessem casas. Com a
demora e a espera por uma "providência", o morro foi rebatizado.
O passeio pelas ruas do "Museu
a Céu Aberto" deverá começar
numa escadaria de granito, construída, segundo antigos moradores, por escravos no século 19.
Uma casa, no início da subida, será transformada em bilheteria.
A subida de 155 degraus leva à
igreja Nossa Senhora da Penha,
erguida há cerca de cem anos. Alguns metros adiante, será possível
visitar o Reservatório de Lembranças. Datado de 1913, o reservatório octogonal será transformado numa instalação acústico-visual onde o visitante poderá ouvir depoimentos de moradores e
ler a história da favela.
Outro ponto de visitação será a
Capela do Cruzeiro, construída
em 1900. Ali está a cruz trazida pelas vivandeiras - mulheres que
acompanhavam os soldados de
Canudos. Quatro mirantes serão
construídos, um deles com uma
visão de 360º do Rio.
As três pedreiras do morro deverão receber iluminação especial
e algumas casas serão "congeladas", ou seja, a prefeitura quer desapropriá-las e comprar parte de
seu mobiliário, para que o turista
saiba como é um típico barraco.
O museu está incluído no Célula
Urbana, programa da prefeitura
de desenvolvimento e redução da
pobreza de favelas. Há três anos, o
programa fez um projeto piloto
na favela do Jacarezinho (zona
norte), onde arquitetos alemães
da Fundação Bauhaus - escola
modernista- reformaram casas.
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