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CPI acusa seguradoras de irregularidades
Relatório final de comissão afirma que empresas falsificavam documentos, mas não pede indiciamento de envolvidos
Deputados alegam que não tiveram tempo suficiente "para captar elementos consistentes" e remeteram caso para polícia e Promotoria
LUÍS KAWAGUTI
DA REPORTAGEM LOCAL
A CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Operadoras de Seguros, da Assembleia
Legislativa de São Paulo, aprovou ontem o relatório final em
que acusa empresas de seguro
de veículos de uma série de irregularidades, que incluem até
a falsificação de documentos
para não indenizar clientes vítimas de roubos.
O relatório final, porém, não
pede o indiciamento de nenhum dos envolvidos -nem os
nomes das seguradoras foram
citados. A justificativa dos deputados é que as denúncias
-que envolvem crimes contra
o consumidor, formação de
quadrilha, de cartel e sonegação fiscal- e as provas obtidas
devem ser investigadas por outros órgãos, como Ministério
Público, Polícia Civil e Secretaria da Fazenda.
O nome das empresas acusadas de irregularidades (Bradesco, Itaú, Mapfre, Marítima,
Porto Seguro, SulAmérica, Tokio Marine e Unibanco) constam só do sub-relatório da CPI,
que foi anexado ao relatório.
O deputado Said Mourad
(PSC), presidente da CPI, afirmou, por meio de sua assessoria, que a comissão "não teve
tempo suficiente para captar
elementos consistentes na investigação para recomendar os
indiciamentos".
Já o relator, Waldir Agnello
(PTB), diz não ser competência
da CPI. "Tudo isso [irregularidades] está indicado, mas não é
competência da CPI indiciar
qualquer pessoa ou entidade. É
competência do Ministério Público Público ou da Procuradoria de Justiça. É questão de técnica de redação para que fiquemos dentro da nossa competência e autoridade."
A CPI foi instalada em setembro de 2008, mas a falta de
acordo entre as lideranças dos
partidos fez com que os integrantes da comissão só fossem
definidos em dezembro. Depois, por causa do recesso parlamentar, os trabalhos só foram
retomados em fevereiro.
Irregularidades
Entre as irregularidades
apontadas pela CPI estão a chamada "Operação Bolívia/Paraguai", na qual as seguradoras
obtinham, com a ajuda de policiais civis, documentos falsos
de venda de veículos para não
pagar indenizações.
O esquema, revelado pela
Folha, envolvia policiais do 27º
DP (Campo Belo). Ao registrar
a queixa de roubo ou furto, os
policiais alegavam que o veículo havia sido vendido pela própria vítima no país vizinho e,
com isso, pressionavam o segurado a não pedir indenização.
Em 2005, o Ministério Público já havia denunciado a Porto
Seguro, a Marítima e a Real por
essas irregularidades.
Segundo a CPI, as seguradoras ainda induziam os clientes a
realizar os consertos de seus
carros em oficinas credenciadas. Essas oficinas eram obrigadas a fazer reparos com peças
usadas e até roubadas, sob o risco de descredenciamento.
"Esse segmento [seguro de
autos] é contaminado por práticas duvidosas, para não dizer
ilegais", disse Agnello.
Apesar de não pedir indiciamentos, a CPI sugere a aprovação de dois projetos de lei para
evitar irregularidades. Um
proíbe seguradoras de oferecer
benefícios para clientes que
procurem oficinas credenciadas. Outro prevê que as seguradoras enviem relatórios com
fotos dos veículos avariados para o Detran (veja quadro).
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