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AMBIENTE
Principal área verde de São Paulo teve em 2002 recorde de dias em estado de atenção por excesso do gás poluente
Poluição por ozônio "sufoca" o Ibirapuera
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
LUIZ GUSTAVO ROLLO
DAS REGIONAIS
Dia de sol, trânsito congestionado, o parque Ibirapuera parece
perfeito para fugir da poluição e
fazer exercício em São Paulo. Mas
a idéia esbarra no fato de o parque
ter sido o local da cidade com o
maior número de alertas pelo excesso de ozônio no ar em 2002. O
poluente, invisível, provoca danos ao sistema respiratório.
Área verde com 1,1 milhão de m2
e que recebe 70 mil visitantes diariamente de segunda a sexta-feira
e 130 mil aos domingos, o Ibirapuera ficou em estado de atenção
(quando danos à saúde são iminentes) em 26 dos 351 dias em que
a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental)
colheu amostras em 2002. Foi a
maior quantidade de alertas no
parque nos últimos cinco anos.
Muitos frequentadores, porém,
nem tomaram conhecimento do
assunto -a Cetesb não divulga os
índices no próprio parque. O estudante André Pizão, 23, que "de
vez em quando" se exercita no
Ibirapuera, diz que evitaria a atividade física se recebesse esses
alertas.
Também foi no Ibirapuera o índice máximo de ozônio registrado em São Paulo, de 326 microgramas/m3. A quantidade máxima para que o ar seja considerado
adequado é de 160 microgramas/
m3, conforme o PQAR (Padrão
Nacional de Qualidade do Ar).
O poluente é formado por uma
reação química -estimulada pela luz solar- que envolve resíduos da queima de combustíveis.
As altas concentrações no parque se devem, provavelmente, ao
fato de haver uma grande área exposta ao sol -sem sombras de
edifícios- e proximidade de
grandes avenidas, por onde passam milhares de carros.
Não é possível saber se esse quadro se repete em outras áreas verdes -o Ibirapuera é o único parque onde há uma estação medidora de ozônio da Cetesb.
Nas outras regiões monitoradas
da cidade, apenas Pinheiros (zona
oeste) teve aumento significativo
de dias em estado de alerta -foram sete em 2002, contra apenas
um no ano anterior (veja quadro
na pág. C4).
O ozônio -que na camada superior da atmosfera protege a
Terra da radiação solar- é de difícil controle e está associado ao
agravamento de doenças respiratórias, como asma e bronquite.
Segundo pesquisadores ouvidos
pela Folha, pode ainda provocar
mutações genéticas e até câncer.
""A poluição por ozônio se mantém e não mostra nenhuma tendência de queda", diz o químico
Jesuíno Romano, gerente do Departamento de Tecnologia do Ar
da Cetesb.
Segundo Romano, não há um
plano de controle do poluente.
""Estamos fazendo uma série de
levantamentos das fontes para
um programa a longo prazo, de 15
a 20 anos."
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