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AMBIENTE
Especialista diz que, mesmo em lugares onde há altas taxas de ozônio, atividade física traz benefícios à saúde
Sedentarismo é pior que poluição, diz médico
DAS REGIONAIS
O médico Paulo Saldiva, da
FMUSP (Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo),
especialista em efeitos da poluição no organismo, diz que, entre
o sedentarismo e a prática de
exercícios em meio ao ozônio, a
atividade física ainda traz mais
vantagens.
"Em geral, o benefício [da pratica esportiva] é maior do que a
perda [causada pela poluição]. Há
benefícios cardiovasculares, para
a pressão arterial, para a diminuição do colesterol. Mas é preciso
evitar, por exemplo, correr no
meio da avenida Sumaré, do lado
do tráfego", explica.
Segundo o pesquisador, é fácil a
pessoa descobrir se está sob o efeito nocivo da poluição durante a
prática esportiva. "Ela vai sentir
ardor nas vias aéreas e também
vai perceber que não está rendendo como de costume."
O médico afirma que o ozônio é
apenas um dos milhares de oxidantes nocivos produzidos pela
poluição atmosférica.
"O ozônio é, na verdade, a
tromba de elefante, ele vem
acompanhado de uma série de
outros oxidantes fotoquímicos.
Lesa o organismo pela capacidade
que tem de retirar um elétron de
lipídios, proteínas e do DNA. Por
isso, está relacionado às mutações
e, dependendo do lugar onde isso
ocorrer, pode gerar um câncer."
""O ozônio, de fato, pode atacar
o material genético celular. Pode,
portanto, formar um tumor", diz
o pesquisador Carlos Menck, do
ICB (Instituto de Ciências Biomédicas) da USP (Universidade de
São Paulo).
Saldiva diz ainda que asmáticos
costumam ter mais crises durante
picos de ozônio. "O gás também
prejudica a resistência celular do
pulmão contra microorganismos.
As células de defesa do pulmão
funcionam pior e aumenta o risco
de infecção ou pneumonia."
Outras cidades
O físico Paulo Artaxo, do IF
(Instituto de Física) da USP, que
usa a medição por ppb (partes por
bilhão), afirma que, principalmente na primavera, a concentração em São Paulo atinge entre 60 e
100 medidas -o máximo é 80.
Segundo ele, o Ibirapuera não é
o melhor lugar para uma corrida.
"É um lugar bastante poluído, onde se pode respirar sob taxas de
ozônio prejudiciais à saúde."
A Cidade do México, capital
mexicana, segundo o pesquisador, chega a ter picos de 300 ppb.
A capital do Chile, Santiago, registra até 200 ppb.
Só que essas cidades conseguiram reduzir dramaticamente seus
índices de ozônio com investimentos no transporte público
-menos carros, menos resíduos
para se transformar no gás.
Santiago, por exemplo, decidiu
triplicar a extensão das linhas do
metrô para reduzir o número de
veículos nas ruas.
Se a saída é aumentar o atendimento do transporte coletivo, São
Paulo perde na comparação. Hoje, a cidade tem 57,6 km de linhas
de metrô. Santiago tem 40,4 km
de linhas em funcionamento e
prevê o término de mais 33 km
em 2005. A Cidade do México tem
201,7 km de linhas. (JOSÉ ERNESTO CREDENDIO E LUIZ GUSTAVO ROLLO)
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