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Vizinhos vibram com a desativação
DO "AGORA"
"Já vai tarde!" Assim, boa parte
dos vizinhos da Casa de Detenção
de São Paulo, no Carandiru (zona
norte), se referem ao fim da maior
prisão da América Latina.
Uma dessas pessoas é a dona-de-casa Elaudirina Ract, 89, há 25
anos vivendo quase em frente à
muralha do presídio. "A gente tinha uma tática que era assim:
quando via helicóptero no ar e
ouvia barulho de sirene, já podia
trancar a casa inteira e esperar pela correria. Era rebelião, fuga ou
alguma confusão na Detenção",
contou a dona-de-casa.
Como faz 90 anos em dezembro, dona Elaudirina disse que a
desativação da Detenção foi um
presente. "Nossa, você não sabe
como isso vai melhorar a vida de
quem vive aqui", disse.
Um outro morador da av. Ataliba Leonel, Marco Antônio Cabral,
44, não se conteve ao ser perguntado sobre o que pensava sobre o
fim do lugar. Com as mãos estendidas para o alto, agradeceu a
Deus pelo fim da prisão.
Houve casos de moradores da
região surpreendidos em casa por
detentos saindo de túneis. No ano
passado, 108 fugiram do complexo por meio de uma escavação
que atingiu a rede pluvial subterrânea da Ataliba Leonel.
Interesse
Curiosidade é outro sentimento
que desperta entre os vizinhos da
Detenção. O vidraceiro Pedro
Fernando Costa, 22, pretende visitar os pavilhões do presídios.
A Secretaria da Administração
Penitenciária deve liberar a visitação pública a partir da próxima
sexta-feira. "Tenho muita curiosidade de conhecer como é esse outro mundo aí dentro", disse.
O mercado imobiliário em torno da Detenção também já começa a sofrer alterações. Segundo o
gerente da Bellacasa Empreendimentos Imobiliários, Juvenal de
Oliveira, 50, os aluguéis de casas
na área já pode apresentar um
acréscimo de até 20%.
"Um apartamento de um dormitório que custava R$ 350,00,
depois do fim da Detenção, poderá subir para uns R$ 400,00", afirmou o agente imobiliário.
No dia 10 de outubro, o governo
do Estado deverá implodir os pavilhões 6, 8 e 9. Vão sobrar quatro
(veja quadro nesta página).
Os prédios que sobrarem serão
transformados em uma unidade
da Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo), com 5.000 vagas para cursos profissionalizantes, em um centro cultural, outro
para trabalhos de organizações
não-governamentais e uma biblioteca, com programa de inclusão à internet -acesso gratuito.
Haverá ainda um parque com
dez quadras esportivas, anfiteatro
e estacionamento para cerca de
300 veículos. Dentro do Carandiru está a última reserva de mata
atlântica da capital.
O projeto de reutilização é uma
versão atualizada do que venceu,
em 99, concurso promovido pelo
governo do Estado.
(AC)
Colaborou a Reportagem Local
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