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ENTREVISTA
Psicólogos migram de clínicas para área social
AURELIANO BIANCARELLI
ENVIADO ESPECIAL A ASSIS
Contingentes cada vez maiores
de estudantes de psicologia estão
trocando a expectativa do atendimento em consultório pela psicologia comunitária. Eles estão
rompendo com a imagem dominante do psicólogo-psicoterapeuta e criando novos espaços de trabalho em postos de saúde, em escolas e em grupos de crianças, de
casais, de idosos e de esportistas.
Ainda não há pesquisas sobre
essa tendência, mas a migração da
clínica para o social foi um dos temas do 17º Encontro de Psicologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista), realizado nesta semana em Assis. O debate deste
ano tratou dos "desafios contemporâneos" da psicologia. O 4º Encontro de Pós-Graduação, que
aconteceu ao mesmo tempo, tratou das "temáticas de pesquisa".
"Muitos alunos que chegam
pensando na clínica, acabam optando pela psicologia social", diz
Diana de Sá A. Ribeiro, uma das
coordenadoras do encontro.
Ana Mercês Bahia Bock, presidente do Conselho Regional de
Psicologia, diz que muitos dos 170
cursos de psicologia do país estão
se preparando para essa nova realidade. "A psicologia hoje, no Brasil, tem compromisso marcadamente social." Abaixo, trechos da
entrevista que concedeu:
Folha - Por que os psicólogos estão trocando a clínica pela atuação
em outras áreas da comunidade?
Ana Mercês Bahia Bock - Primeiro, porque os cerca de 8.000 psicólogos que se formam por ano
não vêm mais apenas das classes
média e alta. Muitos vêm de realidades onde o psicoterapeuta não
está presente. Segundo, o mercado de trabalho. Somos cerca de
200 mil psicólogos formados e
apenas 118 mil estão inscritos nos
conselhos, com autorização para
atuar em consultórios. Os outros
estão descobrindo novos campos
de atuação. A terceira razão é a situação brasileira de pobreza, que
vem ampliando muito as demandas para a psicologia.
Folha - De onde vêm essas demandas e como elas se viabilizam?
Ana - A psicologia comunitária,
iniciada nos anos 70, vem gerando campos de participação em todas as áreas. Esse debate levou a
uma discussão que está presente
na maioria dos nossos encontros.
A pergunta que fazemos é qual é a
contribuição que a psicologia pode dar à sociedade? A questão do
compromisso social passou a ser
um lema da categoria. Posso dizer
que hoje não há no Brasil nenhum
assunto que seja estranho à psicanálise. Há trabalhos nos assentamentos, com crianças de rua, com
jovens que usam drogas, há até
uma psicologia do dinheiro. Há
uma década, os psicólogos discutiam e se juntavam em torno de
uma linha teórica. Hoje eles se
aproximam pela áreas de atuação
ou de intervenção.
Aureliano Biancarelli viajou a convite da
Unesp - campus de Assis
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