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Problema afeta mais as mulheres
DA REPORTAGEM LOCAL
Pesquisa com idosos atendidos
pela disciplina de geriatria da
Universidade Federal de São Paulo mostra que as mulheres têm
menos dentes do que os homens.
A explicação é surpreendente: como foram com mais frequência
ao dentista ao longo da vida, elas
tiveram mais dentes arrancados
do que eles, que se cuidam menos.
"A odontologia evoluiu muito.
Antes, tudo era motivo para extração. Agora, fazemos tudo para
preservar os dentes", afirma a
dentista Denise Tibério Luz, que
fez a pesquisa. Ela também trabalha com um grupo de estudo sobre saúde de idosos com cem profissionais na Associação Paulista
de Cirurgiões Dentistas.
De 608 idosos atendidos, 62%
eram desdentados. Dos desdentados, 64,4% eram mulheres. Entre
os que tinham dentes, as mulheres apareceram como as que tinham melhor saúde bucal. Ou seja, têm menos dentes, mas dentes
mais saudáveis. Os homens têm
mais dentes, mais cáries e mais
gengivas doentes -46% não tinham boa saúde bucal.
Olga Calvão Monnerat, 83, teve
todos os dentes arrancados por
causa de uma paralisia facial que
teve aos 22 anos. Com as técnicas
de hoje, possivelmente poderia
ter seus dentes recuperados.
Ela afirma que a higiene da prótese pode até dar trabalho, mas é
muito importante. "Sou muito
vaidosa, quero ter tudo direitinho." Como tem dificuldades de
locomoção, ela recebe atendimento odontológico em casa e
precisa de ajuda para a higiene.
Casos assim merecem atenção e
carinho, dizem os profissionais.
"O plano de tratamento deve levar em consideração as condições
do pacientes", diz o presidente da
Sociedade Brasileira de Odontogeriatria, Carlos Werner.
Segundo ele, o paciente idoso
também precisa ter a parte cardiovascular avaliada antes do tratamento. Anestesias podem interferir na condição de pacientes
cardíacos. Hipertensos podem
precisar de remédios para abrandar a ansiedade durante alguns
procedimentos.
As consultas não devem ser longas, e o profissional tem de estar
preparado para ter tempo de conversar com o paciente. "Para muitos idosos, a consulta é um evento", afirma Montenegro.
As instruções que precisarem
ser dadas devem ser passadas por
escrito, sempre que possível ao
paciente -deixando que ele a repasse àqueles que o ajudam.
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