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ENTREVISTA
Brasil sedia encontro sobre saúde no trabalho
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os mesmos equipamentos e
medidas de segurança que protegem operários de grandes metalúrgicas deveriam proteger também trabalhadores de oficinas de
fundo de quintal.
Mas nem sempre é isso que
acontece. Apenas um em cada
cinco trabalhadores tem equipamentos de proteção adequados.
Os menos protegidos estão nas
pequenas indústrias.
Segundo o INSS, em 2001 foram
registrados 400 mil acidentes de
trabalho, com 15 mil inválidos ou
incapacitados e 3.100 mortes.
Apesar da melhora nos últimos
anos, o Brasil ainda ocupa o quarto posto em número de mortes no
trabalho no mundo, segundo a
Organização Internacional do
Trabalho (OIT).
Os que trabalham na informalidade nem são contados. "Por isso,
não são protegidos e correm risco
maior ainda", diz o médico
Ruddy Facci, especialista em medicina do trabalho.
Facci presidirá, em fevereiro
próximo, em Foz do Iguaçu, o 27º
Congresso Internacional de Saúde no Trabalho, realizado pela
ICOH, sigla em inglês para a Associação Internacional de Saúde
no Trabalho, fundada em Milão
em 1906. Facci, um dos vice-presidentes, é o primeiro brasileiro a
fazer parte da diretoria da ICOH.
E o congresso de Foz do Iguaçu é
o primeiro realizado no Brasil.
Não por acaso, o tema principal
do encontro será "O Desafio da
Equidade em Saúde e Segurança
no Trabalho". Equidade é mais
que igualdade, é proteger mais
aquele que corre maior risco.
Abaixo, trechos da entrevista
que Facci concedeu à Folha:
Folha - Como atua a ICOH?
Ruddy Facci - É uma associação
científica, não-governamental,
formada por especialistas em segurança no trabalho, médicos,
engenheiros, físicos, divididos em
35 comitês. São 3.500 associados
de 96 países, entre eles 84 brasileiros. Funciona como órgão consultor para a Organização Mundial da Saúde e para a OIT.
Folha - Qual é a situação do trabalhador brasileiro?
Facci - Desde que a legislação de
saúde e segurança foi elaborada,
em 1972, a situação vem melhorando. Trabalhador e empregador estão hoje muito mais conscientes. Das 18 recomendações da
OIT, o Brasil adota 14, enquanto a
Finlândia adota 17, e a Suécia, 16.
O Brasil está na frente da maioria
dos países desenvolvidos. O Ministério da Saúde está implantando a Rede Nacional de Atenção
Integral à Saúde do Trabalhador.
Médicos são treinados para identificar no paciente possíveis problemas ou lesões decorrentes do
trabalho.
Folha - Como cumprir a lei e garantir segurança numa época de
desemprego e trabalho informal?
Facci - Esse é o desafio. Defendemos uma legislação que privilegie
empresas que investem em segurança. E que, em lugar de punir as
informais e as fora da lei, se criem
mecanismos para incentivar a
proteção. Uma proposta prevê
que pequenas empresas trabalhem em pool, compartilhando
iniciativas na área de segurança.
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