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ENTREVISTA/SAÚDE
PSF não detecta transtornos
Ministério planeja capacitação este ano
DA REPORTAGEM LOCAL
Um estudo realizado pela OMS
(Organização Mundial da Saúde)
em 1995 em serviços de atenção
básica de 14 cidades do mundo
(uma delas o Rio de Janeiro) revelou que aproximadamente 24%
dos pacientes desses locais apresentavam desordens mentais,
principalmente depressão, ansiedade e abuso de drogas.
Médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários do PSF (Programa
Saúde da Família), principal programa de atenção básica do governo brasileiro, ainda não têm
treinamento para detectar transtornos mentais. Segundo Afra
Suassuna Fernandes, coordenadora de qualificação do departamento da atenção básica da Secretaria de Políticas de Saúde do
ministério, uma proposta de capacitação deve ser apresentada
ainda neste para as prefeituras.
Na semana passada, o presidente Fernando Henrique Cardoso
anunciou que 50 milhões de brasileiros são hoje atendidos pelo
programa.
Folha - Por que o PSF ainda não
abrange a saúde mental?
Afra Fernandes - Estamos fazendo um movimento para que isso
aconteça há algum tempo. Hoje,
no país, existem 15 mil equipes do
PSF. Alguns municípios já iniciaram a incorporação da saúde
mental no nível da atenção básica:
Sobral, no Ceará, Curitiba, o programa Qualis em São Paulo. No
ano passado, o ministério fez um
seminário para ouvir essas experiências. Obviamente isso depende da organização de uma rede de
referência para assistência.
Você tanto pode atender os
transtornos mentais na atenção
básica como pode haver casos de
média e alta complexidade. Esse
seminário deu subsídios para estudarmos o assunto.
Folha - Como será a capacitação
dos profissionais?
Afra - Um segundo momento de
discussão é a capacitação dos profissionais. Tivemos um seminário
internacional em abril, em conjunto com a Organização Pan-Americana de Saúde. As equipes
dos PSF não podem receber treinamento sem ter a supervisão de
psiquiatras e psicólogos. A lógica
é qualificar a equipe pelos pólos
de capacitação do PSF, com equipes de supervisão.
Folha - Qual é o resultado das experiências que já existem?
Afra - Com a equipe, você tem
condições de dar suporte. Em São
Paulo, encontramos uma mãe desesperada, sofrendo muito. Tinha
falecido o seu marido e ela tinha
perdido o emprego. A agente de
saúde conseguiu ajudá-la dentro
da própria comunidade, até
achou escola para os filhos. Se não
tivesse essa pessoa tão próxima,
não se sabe o que poderia ter
acontecido.
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