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É necessário falar do sofrimento ao médico
REPORTAGEM LOCAL
O cardiologista recomendou à
paciente: "a senhora precisa emagrecer". A resposta da mulher foi
rápida: "o que o senhor me dá em
troca da geladeira?".
O cardiologista José Francisco
Saraiva, professor da PUC de
Campinas, diz que gostaria de ter
gravado a cena. A paciente passava por um grande sofrimento psíquico e "descontava" comendo
muito. Espontaneamente, revelou tudo ao médico. De acordo
com ele, a atitude é rara. A grande
maioria das pessoas descarta a relação de um problema desses com
uma doença. Os médicos recomendam que os pacientes tenham uma postura ativa e falem
ao profissional (não importa a especialidade dele) sobre o sofrimento psíquico. Se o paciente não
tem condições de reagir e de procurar ajuda, a família deve estar
atenta para ajudar.
"A paciente pode falar abertamente com seu ginecologista que
tem depressão. Se puder, o médico trata", diz o psiquiatra Dorgival Caetano. "Não existem psiquiatras suficientes para tratar todos os problemas psiquiátricos."
Estima-se que 5% da população
já tenha sofrido ou esteja sofrendo
de depressão, afirma Caetano. Estima-se que 1% sofra de esquizofrenia. Só estes exemplos provam
que não há profissionais para
atender a todos. Atuam hoje no
Brasil cerca de 9 mil psiquiatras.
As especialidades que têm interface maior com a psiquiatria são:
cardiologia, neurologia, endocrinologia, gastroenterologia, ginecologia e dermatologia. Algumas
doenças do aparelho digestivo,
por exemplo, têm componentes
psíquicos como causa principal,
explica o especialista Antonio
Frederico Magalhães. "Os mecanismos de regulação do sistema
digestivo são muito complexos e
podem estar perturbados por um
quadro de ansiedade".
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