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MEMÓRIA
Ele era um dos expoentes da arquitetura brasileira
Arquiteto Sérgio Bernardes morre aos 84 anos de falência dos órgãos
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Morreu ontem, aos 84 anos, um
dos mais importantes arquitetos
brasileiros, Sérgio Wladimir Bernardes. Segundo a família, seu estado de saúde vinha debilitado
desde que sofreu um derrame,
dois anos atrás, e se agravou a
partir de quarta-feira. Ele morreu
em casa, às 7h, de falência múltipla dos órgãos.
O arquiteto deixa viúva, dois filhos -o cineasta Sérgio Bernardes e a artista plástica Cristiana
Bernardes- e netos. Em outubro
passado, seu terceiro filho, Cláudio Bernardes, também arquiteto,
morreu em um acidente de automóvel em Mato Grosso do Sul.
Segundo a família, desde que
sofreu o derrame, o arquiteto alternava momentos de lucidez e de
inconsciência e não teria se dado
conta da morte de Cláudio.
Segundo Maria Rosa Bernardes,
nora do arquiteto, ao sofrer o derrame, ele estava envolvido no
projeto de recuperação do Pavilhão de São Cristóvão, que ele
projetou em 1958 e está abandonado. O projeto de recuperação
acabou também abandonado.
O filho cineasta estava filmando
o longa metragem ""Muiraquitã"
em Macapá (AP) e interrompeu
as filmagens para vir ao Rio ver o
pai, na quinta-feira. Segundo parente, o cineasta teria intuído a
morte do pai. Seu enterro estava
programado para o final da tarde
de ontem, no cemitério São João
Batista, em Botafogo, na zona sul.
Irreverente e aventureiro, Sérgio Bernardes costumava responder com bom humor, antes do
derrame, quando lhe perguntavam sobre seu estado de saúde.
"Se não me examinarem, estou
ótimo." Seu espírito aventureiro
revelava-se na paixão por aviões e
por corridas de automóvel.
Projetou sua primeira casa aos
15 anos, para um amigo do pai.
Foi um inovador na tecnologia e
no uso de materiais: além do concreto, da madeira e do aço, incorporou neblina, reflexos, sons e
odores em seus projetos.
Deixou um acervo com mais de
6 mil projetos acumulados. Entre
suas obras mais importantes, estão o Mausoléu de Castello Branco (1968) e o palácio do governo
do Ceará, ambos em Fortaleza; o
Hotel Tambaú, em João Pessoa
(PE), e o Pavilhão das Bandeiras
na Praça dos Três Poderes (1969),
em Brasília.
Nos anos 60, propôs a reinvenção da bicicleta (a "Biocleta"), do
avião ("Gaivota") e do transporte
público ( "Rotor").
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