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"Repetente já sou, mas ainda não larguei a escola", diz aluno
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
No Parque Nabuco, no Jardim Miriam, periferia da zona
sul de São Paulo, é mais difícil
encontrar um adolescente que
ainda estude do que um que tenha desistido da escola. A
maioria parou de ir às aulas
após repetir pela segunda vez.
Em um grupo de seis garotos,
com idades entre 15 e 18 anos,
que empinava pipa ontem à tarde no local, só um ainda se considerava estudante, José Carlos
Gomes de Jesus, 18, o "MC Macarrão". "Repetente eu já sou,
mas ainda não larguei a escola,
não. Vou melhorar."
No ano passado, ele reprovou
o segundo ano do ensino médio
e, neste ano, foi expulso após
insultar um professor. "Ele [o
professor] que começou: perguntou se aquilo [a sala de aula]
era uma zona. Eu respondi: "Cadê a puta?" Ele falou: "Sua mãe
não veio"." O episódio foi em junho. O adolescente conta que
conseguiu se matricular em outra unidade e agora pretende
concluir o ensino médio. "Eu
repeti porque não fui na aula,
não fiz trabalho nenhum."
Jesus diz que gosta de português -durante a reportagem,
escreveu um funk de 13 linhas
sem erros- e não reclama da
escola. "Contra a escola eu não
tenho nada. É que a gente não
se envolve. Daí, perde o "bonde"
e desiste."
(CINTHIA RODRIGUES)
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