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JORGE LUIZ VIEIRA (1957-2008)
Acordava e dormia respirando política
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL
Jorge Luiz Vieira contava
22 anos, o regime militar, 15,
e o general João Baptista Figueiredo, 61, quando a Lei da
Anistia foi assinada. Era
1979, e os exilados puderam
finalmente retornar ao país.
Quando Leonel Brizola pisou de novo as terras brasileiras, Jorge, fã do político
gaúcho, foi recepcioná-lo, de
pé atrás com o regime dos
militares e de Figueiredo.
Em 1980, Brizola fundou o
PDT, e foi natural que Jorge
estivesse lá. Na juventude, já
era um apaixonado pela militância, influenciado pelas
histórias contadas pelo pai.
No sexto ano de partido, já
formado pela Escola Nacional de Ciências Estatísticas,
conseguiu licença no IBGE,
onde trabalhava, para tentar
uma vaga de deputado estadual. "Conseguiu pouco mais
de 6.000 votos", lembra a
mulher. Foi a primeira e a última vez que concorreu, mas
passou, depois, a se dedicar
integralmente ao partido,
tornando-se secretário-geral
do PDT no Rio em 2005.
O respiro da política era o
Botafogo. Quando o time
vencia, dizia-se de alma lavada. "E eu? O que faço para
sentir o mesmo?", perguntava a mulher flamenguista.
"Muda de time, oras", falava.
No sábado, ao voltar de um
compromisso político, teve o
carro atingido por um veículo na contramão ocupado
por bandidos em fuga.
Após a batida, os criminosos dispararam contra o carro e fugiram. Morreu, no Rio
de Janeiro, aos 51 anos, baleado na cabeça. Deixa dois
filhos e uma neta.
obituario@folhasp.com.br
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