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Efeito do veto a caminhões é maior pela manhã
Em julho, houve queda de 32% no trânsito em SP das 7h às 10h e de 7% das 17h às 20h
A meta da prefeitura, com a restrição ao transporte de cargas, era de uma melhoria próxima de 15% na
fluidez do trânsito
ALENCAR IZIDORO
RICARDO SANGIOVANNI
DA REPORTAGEM LOCAL
Um mês e meio depois da
restrição aos caminhões implantada pela gestão Gilberto
Kassab (DEM) em São Paulo,
os motoristas têm enfrentado
menos engarrafamentos pela
manhã, mas os efeitos da medida ainda não tiveram impactos
significativos durante a tarde.
Neste mês de volta às aulas, a
lentidão do trânsito a partir das
15h30 inclusive piorou em relação ao mesmo período de 2007
-mas especialistas relativizam
essa conclusão devido à chuva
que atingiu a capital paulista e
que agravou os transtornos à
circulação na semana passada.
A análise do impacto da restrição ao tráfego de caminhões
abrange o trânsito aferido pela
Companhia de Engenharia de
Tráfego em 90% dos dias entre
1º de julho e 14 de agosto. Não
trata de todo o período devido à
recusa da CET em fornecer dados à reportagem.
Os dados compilados pela
Folha mostram que, em julho,
houve uma queda de 32% dos
congestionamentos medidos
pela CET na média da manhã
(das 7h às 10h), de 24% no entrepico (das 10h30 às 16h30) e
de 7% de tarde/noite (das 17h
às 20h), na comparação com
período similar do ano passado.
Já nas primeiras duas semanas deste mês, depois do final
das férias escolares, os indicadores são menos favoráveis em
todos os períodos do dia: pela
manhã, redução de 17% da lentidão, mas, no entrepico, de só
7% e, a partir das 17h, piora de
5% na comparação com 2007.
No último dia 5, diante dos
altos níveis de engarrafamento
do começo do mês, Gilberto
Kassab havia pedido "uma
quinzena, pelo menos, para ter
convicção de que as decisões
estão tendo bons resultados".
A meta da prefeitura, com a
restrição, era de uma melhoria
próxima de 15% na fluidez.
Especialistas não vêem uma
explicação conclusiva para justificar a tendência de redução
do trânsito maior pela manhã
do que pela tarde, consideram
ser cedo para avaliações definitivas, mas, assim como os técnicos da CET, citam hipóteses.
A mais predominante delas é
a avaliação de que as entregas
vinham se concentrando pela
manhã até 30 de junho, quando
passou a vigorar a proibição aos
caminhões das 5h às 21h em
100 km2 do centro expandido.
Primeiro porque os tradicionais engarrafamentos do final
de tarde já levavam as próprias
empresas a evitar que seus caminhões rodassem nesse horário para não ficar parados.
Segundo porque a CET vinha
estimulando esse fenômeno
-ao isentar os veículos de carga do pagamento de zona azul
em algumas vias até as 9h.
Outra hipótese aventada é a
possibilidade de, por razões logísticas, as medidas adotadas
pela prefeitura terem postergado os horários das viagens.
Assim, um caminhão que circularia nas marginais das 7h às
10h, mas ficou impedido devido à sua inclusão no rodízio,
adia sua passagem no local para as horas seguintes, com implicações até no final da tarde
-como um efeito dominó.
"O tráfego da manhã está
sendo diluído ao longo do dia",
diz Luiz Célio Bottura, engenheiro e ex-presidente da Dersa. Jaime Waisman, professor
da USP, afirma não ver ainda
"uma explicação lógica e clara"
para a tendência verificada,
mas considera plausível a possibilidade de que as entregas,
antes da nova restrição, terem
se concentrado pela manhã.
Além do impacto da chuva,
os indicadores menos favoráveis do trânsito neste mês sinalizam também uma tendência.
Ou seja, os eventuais benefícios do veto aos caminhões devem ser cada vez menores, até
por conta do crescimento da
frota -que já recebe mais de
1.350 veículos novos por dia.
Técnicos avaliam que os dados de congestionamento da
CET devem contribuir para as
análises de eventual sucesso ou
fracasso da restrição aos caminhões, mas também merecem
ser encarados com ressalvas.
Isso porque a companhia só
monitora 835 km das vias, 5%
do total. Os dados não contemplam, por exemplo, os impactos de rotas de fuga dos caminhões para escapar do rodízio.
Além disso, nem sempre a queda da lentidão para os carros é
também favorável aos ônibus.
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